Clima de campanha no Palácio do Planalto Da Editoria de Política do JC, em 14.10.2006 O candidato a governador da Frente Popular, Eduardo Campos (PSB), suspendeu ontem a agenda de campanha no Estado para participar, em Brasília, ao lado do presidente Lula (PT), da solenidade de assinatura do decreto de desapropriação de 23 dos 48 engenhos da Usina Catende, localizada no município de Catende, na Mata Sul do Estado.
A iniciativa atende a uma das principais reivindicações dos trabalhadores que, desde a falência da Usina, em 1995, administram a massa falida, de forma cooperada, com a empresa Harmonia.
No evento, Lula fez uma homenagem ao avô do socialista, o ex-governador Miguel Arraes, falecido no ano passado, que apoiou a luta dos canavieiros.
A cerimônia, no entanto, ganhou contornos eleitorais não só pela presença do candidato Eduardo Campos, mas pelo apoio que o presidente Lula recebeu de pessoas beneficiadas que discursaram na solenidade.
Lula também fez discurso em tom de campanha ao criticar a gestão dos bancos públicos, em especial do Banco do Brasil, nos governos anteriores.
Disse que nos governos passados o BB não estava acostumado a emprestar dinheiro para os pobres e que o seu governo procura, “definitivamente”, mudar essa situação. “O Brasil era assim.
Nós mudamos com o senhor.
Vem mudando na mão do senhor e, ao que tudo indica, continuará mudando ainda.
E também teremos um governador ajudando a gente também, né, Eduardo (Campos)?”, disse Bruno Ramos, advogado dos trabalhadores, reforçando o clima de campanha.
Diante de manifestações do tipo, o próprio presidente procurou deixar claro que aquele não era um evento de cunho eleitoral e sim um ato de justiça aos trabalhadores da Usina Catende. “Na verdade, não queria fazer um ato aqui, queria esperar o processo eleitoral e ir a Catende fazer uma visita (…) O que aconteceu é que vocês provaram que a Usina Catende deu certo e pode dar muito mais certo ainda.
O trabalhador já está sentindo o cheirinho de ser dono da terra.
Uma conquista que vocês esperam há 13 longos anos”, disse Lula.
Eduardo Campos também procurou negar o caráter eleitoral e lembrou a importância que seu avô, Arraes, teve no processo de transferência da massa falida da Catende para os trabalhadores.
Antes da solenidade, o presidente chamou o seu ex-ministro da Ciência e Tecnologia para uma conversa reservada, a segunda em menos de dez dias, com o objetivo de avaliar o andamento da campanha em Pernambuco.
Lula teria ficado animado com os resultados das recentes pesquisas que colocam Eduardo na frente, superando o governador-candidato Mendonça Filho (PFL).
Também revelou ao socialista que aprovou o posicionamento dos líderes do PT no Estado, que estão “engajados” na campanha da Frente Popular.