São frágeis a acusação e a defesa Por Inaldo Sampaio Por maioria de votos, ou talvez por unanimidade, o STF deve acatar hoje a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra os 40 envolvidos no mensalão.
Um ou outro pode ser excluído da denúncia, mas isso não faz diferença alguma.
A condenação, moral, já houve, independente da condenação criminal, que ninguém sabe quando virá.
Pode demorar uma década, ou até mais, pois além de o STF não ter estrutura para aprofundar as investigações (colheita de provas, realização de perícias, ouvida de testemunhas, etc.), todos os indiciados estão bem assistidos por renomados criminalistas, o que é a garantia da impunidade.
Nos primeiros dois dias de sessão, percebeu-se claramente a fragilidade da acusação e também da defesa, sob o ponto de vista técnico.
A denúncia do procurador-geral limitou-se a elencar os fatos que já haviam sido noticiados pela imprensa, sem acrescentar nada de novo.
E com um agravante: abusando das suposições.
Expressões como “há claras evidências de que Delúbio Soares não atuava sozinho”, “a meta do grupo era garantir a continuidade do projeto de poder do PT”, “o Ministério Público suspeita que o embrião do mensalão foi a campanha de Eduardo Azeredo” são tecnicamente frágeis.
Como se lembra, a denúncia do então procurador-geral Aristides Junqueira contra Collor, que já estava deposto, não foi aceita pelo STF porque continha fragilidades técnicas como essas.
A defesa também, coitadinha, deixou muito a desejar.
Só dizer que a denúncia do procurador-geral é inepta, falha, vaga, imprestável, peça ficcional e igual a um panfleto partidário não absolve ninguém.