Da BBC O governo brasileiro enfrenta um julgamento “em que também se julga a credibilidade da Justiça”, desde que foi formulada pelo Ministério Público uma nova denúncia contra os suspeitos de integrarem o esquema de pagamento de propinas a deputados em troca de votos, o “mensalão”, de acordo com a edição desta quarta-feira do jornal argentino Página 12.

O diário afirma que a Justiça foi “questionada por sua ineficiência frente aos repetidos atos de corrupção”.

O artigo diz que “o procurador-geral da República (Antônio Fernando Souza) garantiu que está confiante de que a Corte (Supremo Tribunal Federal, STF) aceitará sua denúncia e afirmou que antes de apresentar sua acusação conseguiu acumular novas provas contra os implicados no que chamou de \uma complexa organização criminosa\ destinada a assegurar a permanência do PT (Partido dos Trabalhadores) no poder”.

A primeira sessão do STF para apreciar a denúncia se realiza nesta quarta-feira.

O jornal argentino informa aos seus leitores que “o sistema foi denunciado em maio de 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson, na época um aliado do governo no conservador Partido Trabalhista Brasileiro (PTB)”.

O artigo lembra que Jefferson acusou o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, de chefiar um sistema de subornos mensais a deputados de partidos aliados. “Desde os anos 80, o acusado trabalhou sempre ombro a ombro com Lula (Luiz Inácio Lula da Silva) e quando este chegou ao governo, nomeou-o ministro da Presidência, o cargo mais influente no gabinete.” “A longa lista de acusados compromete 40 pessoas, mas o presidente não figura por falta de provas”, diz o Página 12.

O artigo conclui dizendo que “os magistrados do STF deverão dar uma resposta à sociedade ante a impunidade reinante”. “Entre 1988 e 2007, o tribunal recebeu 130 processos contra funcionários e políticos”, mas que “julgou apenas seis e nunca condenou nenhum, de acordo com um estudo da Associação de Magistrados do Brasil (AMB)”.