Do Blog do Josias Já está sendo redigido o relatório que vai selar a sorte de Renan Calheiros (PMDB-AL) no Conselho de Ética do Senado.

Será subscrito por Marisa Serrano (PSDB-MS) e Renato Casagrande (PSB-ES), dois dos relatores do Renangate.

Embora os dois ainda não admitam em público, o texto concluirá que o presidente do Senado faltou com o decoro parlamentar.

Defenderá o envio ao plenário de um pedido de cassação do mandato do senador.

Almeida Lima (PMDB-SE), o terceiro relator do processo, diverge da posição de Serrano e Casagrande.

O grupo de Renan espera que ele elabore um “relatório paralelo”.

Confrontados com os dois textos, o Conselho de Ética terá de decidir, no voto, qual das duas posições deve prevalecer com chancela de oficial.

Até Renan dá como certa a derrota.

Estima-se que o texto pró-cassação terá, no mínimo, oito dos 15 votos disponíveis no conselho.

O senador jogo suas fichas no plenário do Senado.

Ali, em votação secreta, os 81 senadores decidirão se Renan deve ou não ser cassado.

O senador acha que ainda tem maioria.

Enquanto aguarda pelo veredicto, Renan simula normalidade.

Nesta segunda-feira, participou, no Planalto, da cerimônia de lançamento do plano para a área de segurança pública.

Em dado momento, ficou como peixe fora d’água (veja foto acima). À sua esquerda, Lula confabulava com o vice José Alencar. À sua esquerda, Dilma Rousseff (Casa Civil) tricotava com o ex-ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça).

Isolado, restou a Renan contemplar o ambiente.

O texto a ser assinado por Marisa Serrano e Renato Casagrande traz um extenso arrazoado sobre o decoro parlamentar.

Já foi esboçado.

Recorre à Constituição, às leis ordinárias e ao regimento interno do Senado.

Feita a definição de decoro, o próximo passo será a inclusão no texto das faltas que, na opinião dos relatores, justificam a cassação do mandato de Renan.

A parte acusatória do texto será extraída da perícia do Instituto de Criminalística da Polícia Federal.

O trabalho foi concluído no último final de semana.

Mas só chega às mãos dos relatores nesta terça-feira (21).

Marisa Serrano e Renato Casagrande puderam antecipar o início da redação do relatório porque, em contatos com a PF, mantiveram-se informados sobre o desenrolar da perícia, adversa para Renan.

Almeida Lima critica o comportamento dos colegas.

Acha que não deveriam ter contatado os peritos.

Receia que tenham exercido pressão indevida.

Afirma que Serrano e Casagrande portam-se com “imoderação, impaciência e sofreguidão”.

Entre os tópicos que devem ser realçados no relatório que Almeida Lima não irá assinar estão: a inclusão de notas frias na defesa apresentada por Renan ao Conselho de Ética; o descasamento entre as datas dos pagamentos feitos à jornalista Mônica Veloso, com quem Renan teve uma filha, e os saques na conta do senador; e a inadequação da escolha de um lobista de empreiteira –Cláudio Gontijo, da Mendes Júnior— para atuar como pombo-correio do presidente do Senado com sua ex-amante.

Nesta segunda-feira (20), Leomar Quintanilha –que, além de presidente do Conselho de Ética, é aliado de Renan— tentou retardar a entrega do relatório da PF, sob a alegação de que o governo de Alagoas enviou novos documentos a Brasília.

O próprio Renan aventou a hipótese de agregar documentos à sua defesa. “Manda documento quem tem documento.

Quem não tem documento fala, fica no discurso”, disse ele.

No princípio, a PF mordeu a isca.

Depois, deu meia-volta.

E foi mantida para esta terça a entrega do resultado da perícia.

Se encontrar na nova leva de papéis algo digno de nota, a equipe de peritos fará um adendo ao relatório.

Do contrário, dará o trabalho por encerrado.