Um outro nome citado no precoce boca-a-boca presidencial está em Pernambuco: o governador Eduardo Campos (PSB), que garantiu um forte respaldo de Lula no segundo turno, após derrotar o candidato do PT, Humberto Costa, e se alinhar na disputa final com o então governador Mendonça Filho (DEM), aliado do ex-governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), também um duro opositor do Planalto.
Ex-ministro de Ciência e Tecnologia, ele lançou mão da munição oferecida pelos petistas e a despejou contra seus opositores.
Neto do ex-governador Miguel Arraes, o socialista é um gestor jovem e de perfil moderno, o que, dizem os especialistas, pode inseri-lo na lista de opções caso o escolhido de Lula não venha, obrigatoriamente, do PT. “Os resultados que Lula obteve em 2002 e 2006 e essa volta ao Nordeste, com grandes obras como a Ferrovia Transnordestina e a transposição do São Francisco, além da injeção de recursos nos Estados, não bastam para fortalecer um nome da região como candidato.
Nenhum deles tem peso político para transcender as fronteiras do seu próprio Estado.
O único com alguma inserção nacional é Eduardo Campos, por ser presidente do PSB, ex-ministro e ex-deputado bem articulado”, analisa o cientista político Túlio Velho Barreto, da Fundação Joaquim Nabuco.
Para o pesquisador, os novos governantes nordestinos vão estar sendo testados nos próximos quatro anos.
Se fizerem bom trabalho, podem ter alguma projeção. “Mas quatro anos é pouco para romper as fronteiras, principalmente num primeiro mandato”, acrescenta Velho Barreto.
Assim como ele, o sociólogo José Arlindo Soares, professor de Ciência Política da UFPB, diz que é preciso esperar as reconfigurações políticas que acontecerão no Nordeste até 2010. “Não há um modelo pronto, há uma tendência no Nordeste de se firmar um eleitorado independente nas grandes cidades, mas essa independência é permeada pela influência dos setores conservadores, fisiológicos, sobretudo nos pequenos municípios do interior”, explica Arlindo.
Ex-secretário de Planejamento e de Desenvolvimento Social no governo Jarbas, Arlindo acha difícil o candidato de Lula sair do Nordeste, mas se tiver que apontar um nome, concorda com Túlio Velho Barreto: “Eduardo Campos teria mais chances.
Tem mais trânsito.
Ciro tem arestas e a Bahia não comporta um candidato a presidente porque é muito fragmentada politicamente”, conclui. (Por Sérgio Montenegro Filho, da editoria de Política)