Matéria da revista Veja desta semana aponta que a perícia realizada pela Polícia Federal nos documentos apresentados pelo presidente do Senado Renan Calheiros vai complicar sua vida de maneira definitiva.
O material examinado tentava sustentar a versão do senador segundo a qual ele teria recursos financeiros suficientes para pagar suas despesas pessoais sem a ajuda de um lobista de empreiteira. “As conclusões da polícia são devastadoras para Renan.
Os peritos concluíram que não há evidência de que os recursos para pagar a pensão alimentícia da filha do senador saíram das suas contas bancárias”, diz um trecho da reportagem. “Aos olhos da polícia, a documentação apresentada fica aquém de comprovar a origem da fortuna de Renan Calheiros e não confirma sua alegada arrecadação de 1,9 milhão de reais com a venda de bois”, continua.
A Veja afirma que, segudno a polícia, a papelada de Renan contém notas fiscais frias, recibos falsos e comprovantes de transações com empresas fantasmas.
Um dos relatores do processo sobre as ligações de Renan com o lobista, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) teria afirmado o seguinte, depois de se reunir com peritos da PF: “Apresentar documentos falsos aos pares do Senado é uma clara quebra de decoro parlamentar.
Usar um lobista para pagar despesas pessoais é uma clara quebra de decoro parlamentar.
A única possibilidade é pedir a cassação de Renan”.
O laudo técnico da Polícia Federal responde a cada uma das trinta perguntas feitas pelo Conselho de Ética sobre as negociações do presidente do Senado.
Além dos “bois de presépio”, como o rebanho de Renan foi ironicamente batizado pelo deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), há outros dois processos já em andamento contra o senador no Conselho de Ética.
Um trata do favorecimento da cervejaria Schincariol que, supostamente em troca da influência de Renan para conseguir anistia de uma dívida previdenciária, teria comprado uma fábrica de seu irmão, o deputado Olavo Calheiros, por valor muito superior ao do mercado.
O outro processo diz respeito a duas emissoras de rádios e um jornal que o parlamentar teria comprado em Alagoas, em sociedade com o usineiro João Lyra, por meio de “laranjas”.
Renan não joga a toalha.
Se for mesmo condenado em qualquer um deses processo no Conselho de Ética, espera a absolvição no plenário, onde o voto será secreto e ele poderá usar todo o seu poder de sedução.