O que o senso comum já tinha captado, um dos mais conceituados institutos de pesquisa, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conseguiu medir em horas: marido dá trabalho.
Ser casada com filhos pequenos significa dedicar até sete horas a mais por semana aos afazeres domésticos do que as mulheres que também cuidam dos filhos, mas não têm marido.
Pesquisa inédita, divulgada ontem pelo IBGE, mostrou o quanto o cuidado com a casa está em mãos femininas: se 90,6% das mulheres realizam tarefas domésticas, só 51,1% dos homens se ocupam do trabalho dentro de casa.
As pesquisadoras Cristiane Soares e Ana Lúcia Saboia, autoras do estudo, fizeram as contas e mostram que, nos lares de casais com filhos, as mulheres dedicam 29 horas semanais aos afazeres domésticos, enquanto que, naqueles chefiados por mães solteiras, viúvas ou separadas, também com filhos, o trabalho doméstico ocupa 22 horas no mesmo período.
Os dados foram retirados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad/2005). “A comparação leva a crer que a existência de um cônjuge masculino representa, sem dúvida, um aumento da carga dos afazeres domésticos para as mulheres”, afirma Cristiane.
Mesmo quando se analisam esses mesmos tipos de família, considerando as mulheres responsáveis pelo domicílio, ou seja, trabalhadoras, a desigualdade caseira se repete: as casadas trabalham 28,8 horas semanais e as que não têm marido, 23,5 horas por semana.
Enquanto, para as mulheres, o nascimento dos filhos representa aumento da carga de tarefas domésticas, para os homens, o fenômeno é inverso.
Essa participação, já pequena, cai mais ainda.
De acordo com a pesquisa, entre os casais sem filhos, os homens dedicam 10,2 horas ao trabalho dentro de casa por semana.
Quando chegam os filhos, essa participação cai para 9,6 horas.
Mas o levantamento traz notícias alentadoras.
Essa participação masculina na divisão do trabalho vem aumentando ao longo dos anos.
Em 2001, somente 42,6% dos homens desempenhavam alguma função na casa.
Em 2005, a parcela subiu para 51,1%.
Entre os homens mais escolarizados (12 anos ou mais de estudo), os que se dedicam à casa alcança 54%.
Entre as mulheres ocupadas, as que mais sofrem com a dupla jornada são as domésticas.
Juntando o trabalho caseiro com o remunerado, são 60 horas semanais em média.