O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que evita ler algumas reportagens e colunas de jornal que “contenham veneno” e possam contaminar a confiança que ele tem no trabalho de seu governo.

Os comentários foram feitos em jantar com a família de Chico Buarque, quinta-feira (16) à noite, no apartamento da mãe do compositor, em Copacabana.

Lula se mostrou bem-humorado, segundo relato de participantes, e jantou macarronada.

Ele citou como exemplo de veneno o artigo do psicanalista Francisco Daudt, publicado na Folha de S.

Paulo de 19 de julho, em que o governo era chamado de “assassino” e “criminoso” devido ao desastre com o avião da TAM.

Lula não se mostrou preocupado com as turbulências financeiras internacionais e disse ter libertado o País do Fundo Monetário Internacional (FMI).

Também não comentou as vaias recebidas à tarde, em Campos (Norte fluminense). “Parece que ele queria desopilar”, afirmou um dos presentes.

Lula estava com Luiz Dulci, ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência.

Da família Buarque, participaram Chico, sua irmã Ana de Holanda, três filhos da cantora Cristina Buarque e a matriarca Maria Amélia, 97.

Brincando, o presidente lançou a candidatura de Memélia, como é conhecida, à sua sucessão em 2010, quando ela completará 100 anos. “Ele estava muito solto. É um amigo de 30 anos”, disse ela, ontem.

Memélia e seu marido, o historiador Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982), ajudaram a fundar o PT em 1980.

Lembranças de Sérgio ocuparam parte das conversas do jantar, que durou cerca de duas horas.

Lula falou com Chico sobre futebol e lamentou não jogar mais na Granja do Torto.

Antes do jantar, Lula esteve com Renée de Carvalho, 82, viúva do líder comunista Apolônio de Carvalho (1912-2005) no Leblon (Zona Sul).

Na saída, foi aplaudido e vaiado.

Lula foi amigo de Apolônio desde a criação do PT. “Além da honra que o presidente me fez, valeu sobretudo a alegria de receber um velho amigo de sempre”, disse Renée.

Ela comentou as vaias recebidas por Lula na saída de seu apartamento. “Foi uma coisa muito de leve.

Havia, por outro lado, um varredor da Comlurb e outras pessoas que o aplaudiram”, declarou.