Da Folha Online O usineiro João Lyra, que acusa o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) de ter usado “laranjas” para a compra de um grupo de comunicação no Estado, divulgou nesta quinta-feira (16) carta aberta para rebater as críticas que o peemedebista fez à suposta irregularidade em que o empresário estaria envolvido.

Ontem, o senador fez duras acusações ao empresário, porque o responsabiliza pelas denúncias de suposto uso de “laranjas” para a compra do grupo JR Radiodifusão.

Renan disse que não queria “tratar desse rapaz (Lyra).

Ele tem várias execuções da Receita Federal, é acusado de vários homicídios”.

O usineiro afirma, na carta, que “a carapuça” que Renan tentou imputá-lo não será vestida. “Não cairei no ardil.

A carapuça não me cabe, e a acusação não me toca.

Eu, por consciência própria, sei que não os cometi (os crimes), e não os respondo”, afirmou.

Lyra diz ainda que Renan possui “tamanha hipocrisia” porque esquece que, há pouco tempo, lhe recebia como amigo em seu gabinete no Senado e mesmo quando ocupou interinamente a presidência da República.

O usineiro questiona como Renan pode acusá-lo, se chegou a usar duas aeronaves sem pagamento para deslocamentos particulares. “Será que Vossa Excelência, sendo a reserva moral que prega ser, se verdadeiramente o fosse, aceitaria receber tantas e tamanhas vantagens recebidas de um contumaz criminoso?”, questiona Lyra na carta.

O empresário afirma que, enquanto foi útil a Renan, nunca foi acusado pelo senador de cometer crimes - por isso considera estranho que o peemedebista tenha agora partido para o ataque.

Lyra diz que seu patrimônio foi construído ao longo de 58 anos de trabalho, sem qualquer irregularidade, enquanto Renan, “mesmo criando bois de ouro”, teve que recorrer “aos préstimos de um lobista para alimentar sua prole”.

O usineiro encerra a carta com a afirmação de que não foi responsável pela mais recente acusação contra Renan, relacionada ao uso de laranjas. “Não me atribua pecados que não os tenho.

Perca o cargo, mas procure manter um resto de dignidade, se alguma ainda lhe resta.”