Da Agência Senado A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou, nesta quarta-feira, parecer favorável à proposta de emenda à Constituição (PEC) que proíbe as coligações partidárias nas eleições proporcionais - para deputados federais, estaduais, distritais e vereadores.
A proposta (PEC 29/07) permite, entretanto, as coligações nas eleições majoritárias - Presidência da República, governos estaduais, prefeituras e Senado.
A PEC, que deverá ser apreciada em dois turnos de votação no Plenário, é do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) e teve como relator o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
Segundo Jarbas, a medida vai sanear o quadro partidário, reduzindo a faixa de atuação dos chamados partidos de aluguel, além de reforçar a identidade e a coesão partidárias. - A proibição de coligações nas eleições proporcionais é medida há muito aguardada no âmbito da reforma político-partidária nacional.
Sua implantação tornará mais claro o quadro partidário e mais transparente, sobretudo para o eleitor, a representação política - afirmou Jarbas Vasconcelos.
Para o senador, a medida colocará fim à formação de alianças eleitorais de mera conveniência, que se fazem para perpetuar certos partidos políticos com propostas “vagas e inconstantes, dissimuladas para atender a interesses inconfessos”.
No Brasil, o eleitor dá seu voto ao candidato mas, na verdade, argumentou Jarbas Vasconcelos, sufraga o partido.
O senador disse que recente decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na consulta 1.398, chegou mesmo a reconhecer que o mandato pertence ao partido, e não ao indivíduo eleito. - Ora, permitir a coligação para as eleições proporcionais significa, então, nas regras vigentes, a dissolução do voto do eleitor em um conjunto amorfo de ideologias e programas partidários.
Deve-se assegurar, portanto, que o voto dado nessas eleições seja destinado a uma única agremiação partidária, aquela que apresenta, na livre e consciente avaliação do eleitor, a melhor alternativa da ação política - disse o autor da proposta.
Para o relator, Jereissati, a aprovação da PEC vai fortalecer a identidade dos partidos políticos.
Ele disse que as coligações eleitorais fazem sentido em pleitos majoritários, nos quais a constituição de alianças tem relação direta com o apoio aos programas políticos e à governabilidade.
Mas, nas eleições proporcionais, argumentou Jereissati, a transferência de votos entre partidos da coligação “acaba por falsear a própria representatividade dos partidos, que concorrem como se fossem uma mesma agremiação, mas desempenham suas atividades parlamentares por si sós”.
A matéria foi amplamente debatida na CCJ, onde recebeu do senador Inácio Arruda voto em separado contrário, que ficou prejudicado devido à aprovação da PEC.
No voto em separado, Inácio Arruda alegou que a PEC ofende o princípio constitucional da isonomia, ao possibilitar a formação de coligações apenas para as eleições majoritárias.
Segundo Inácio Arruda, “trata-se de um casuísmo evidente permitir a coligação nas eleições majoritárias e vedá-las nas eleições proporcionais”.
Com isso, o senador entende que interesses de alguns partidos são atendidos, enquanto outros partidos ficam prejudicados.