Matéria publicada em 3 de agosto no site do jornal O Dia, do Rio de Janeiro, descreve investigação que a Polícia Civil daquele Estado vem fazendo sobre o tráfico de drogas durante os ensaios para o carnaval da Estação Primeira de Mangueira.
O personagem central da história, mais uma vez, é o traficante Tuchinha, favorito no concurso de sambas da escola para o carnaval de 2008, que tem como enredo os 100 anos do frevo - patrocinado pela prefeitura do Recife com R$ 3 milhões.
Leia o principal trecho da reportagem. “Grampos telefônicos feitos pela Polícia Civil, com autorização judicial, revelam que uma das responsáveis pela venda de drogas aos foliões — que, nas noites de sábado, de agosto a fevereiro, lotam a quadra da Rua Visconde de Niterói — é a cozinheira de Tuchinha.
Vera Lúcia Santiago, a Verinha Candelária, aparece dando instruções a uma comparsa nos grampos.
Ela chega a dizer que é preciso colocar cocaína de melhor qualidade para aumentar a venda: \Eu arrumei um pó (cocaína) pra Bianca levar pra quadra pra ela vender\ .
A cúmplice de Vera, identificada nas investigações como Rosemeri, afirma que vai chamar Bianca imediatamente.
Logo depois, Vera responde: \Vai dar um dinheiro maneiro, porque eu não vou misturar (…) É pura, garota.
Durante os preparativos para o Carnaval, película escura foi colocada num dos camarotes, que seria usado por traficantes.
Algumas semanas depois de os boatos começarem a circular pelo mundo do samba, a escola retirou a película.
O presidente da Mangueira, Percival Pires, afirmou desconhecer qualquer atividade criminosa dentro da quadra nos ensaios.
Ele também não soube dizer se Francisco do Pagode é a assinatura de Tuchinha no samba.
Semana passada, os advogados de Tuchinha entraram com pedido de habeas corpus na Justiça para que não seja preso de novo.
Em maio, O DIA mostrou a força exercida por ele na Mangueira.
Interceptações revelaram que Tuchinha ordenou a expulsão de traficantes da favela.
GRAMPO Gravações telefônicas feitas por agentes da Polícia Civil mostram como traficantes da Mangueira agem para vender drogas até mesmo dentro da quadra da escola de samba.
A responsável pela boca-de-fumo seria Vera Candelária, cozinheira de Tuchinha.
Vera: Ah!
O que eu ia falar ontem.
Eu arrumei um pó pra Bianca levar pra quadra pra ela vender.
Rosemeri: Arrumou?
Vera: Tá aqui em casa.
Rosemeri: Então eu vou falar com ela daqui a pouco pra ela vir aqui.
Vera: Já é?
Rosemeri: Claro!
Vera: Tem que ver se ela tem um real aí pra ela já vir com o saquinho.
Rosemeri: Ah, tá…
Vera: Pra ela já levar hoje mesmo.
Já é um dinheiro pra gente.
Vai dar um dinheiro maneiro, porque eu não vou misturar (…) Vera: Ela vai arrumar, eu vou arrumar, se ela quiser, já é!
Porque ela tava te perturbando, mas eu não vou dar pra ela.
Eu vou querer um dinheirinho.
Nós vamos querer um dinheirinho.
Vou botar uns ‘preço’ maneiro que é pra vender lá.
Rosemeri: É bom, Verinha?
Vera: É pura, garota!!!”