A vergonhosa página policial escrita pelos tucanos de Alainça teve início em 2001, quando eles foram denunciados pela promotora da cidade, Rosângela Padela.

Eles foram acusados, entre outros crimes, de desviar verba do Sistema Único de saúde (SUS), fraude em licitações, apropriação indevida de recursos do Fundo de Desenvolvimento do Ensino Fundamental (Fundef) e pagamento de gratificações ilegais a parentes. “Entre outras coisas, usaram dinheiro do Fundef para comprar instrumentos musicais que nunca chegaram às escolas, fraudaram licitações para comprar remédios, combustível e artigos de supermercado”, denunciou a promotora, na época.

No dia 22 de setembro de 2006, a Justiça cassou o mandato do prefeito Carlos Freitas (PSDB), da presidente da Câmara dos Vereadores do município, Ana Maria Freitas, irmã dele, e pediu afastamento de nove servidores da prefeitura.

A sentença foi proferida pela juíza Maria das Graças Serafim Costa, da comarca local.

Ela também decidiu pela perda dos direitos políticos dos dois por cinco anos, além de obrigá-los a pagar multa de cerca de R$ 140.000 para ressarcir o prejuízo aos cofres municipais.

De acordo com Rosângela Padela, as irregularidades aconteceram na administração anterior de Freitas, entre 1998 e 2000.

Na lista de servidores que foram obrigados a se afastar havia ainda estão um irmão do prefeito, Armando Freitas, secretário de Administração, e Xisto Freitas, secretário de Cultura.

A titular da pasta da Saúde, Cristiane de Freitas, era outra a integrar o grupo, junto com os responsáveis pelas secretarias de Ação Social e Finanças.

Os acusados ainda podiam recorrer, como fizeram, sem sucesso.

O Tribunal de Contas do Estado (TCE) fez a sua parte e constatou que empresas-fantasma e firmas de parentes do prefeito faziam parte do esquema, comprovados em auditoria.

Em 2000, Carlos Freitas já era alvo de processo por abuso do poder econômico (compra de votos) ao tentar a reeleição, disputa que perdeu.

A denúncia do Ministério Público de Pernambuco dá conta de que ele financiou pesquisas eleitorais com dinheiro do povo.

Ao mesmo tempo, usou verba do Sistema Nacional de Habitação (SNH) para construir casas populares e ofereceu à população em troca de votos.