Tiago Acioli, um jovem médico de 28 anos, clínico e intensivista do Hospital da Restauração, entregou hoje ao Sindicato dos Médicos de Pernambuco, Cremepe e Ministério Público do Estado de Pernambuco um dossiê apontando, com fotos, as precárias condições de trabalho e atendimento à população no maior hospital de emergência do Estado.

O mais curioso é o nome.

O documento foi batizado de dossiê tapuru, numa referência às larvas que teriam sido encontrados numa sopa servida aos médicos há algumas semanas. “É um cidadão revoltado com o que está vendo.

O sindicato não está estimulando. É apenas um jovem formado há dois anos (na verdade cinco anos) que está chocado com as condições de atendimento e rebela-se”, explicou o presidente do Sindicato dos Médicos do Estado, Mário Lins.

De acordo com o dossiê, os colegas da UTI quando chegam na emergência têm a árdua tarefa de ’escolher’ quem vai morrer e quem não vai, pois há uma lista de pelo menos 30 pacientes necessitando de UTI e não há vagas. “Como é que se faz pra escolher entre 30 pacientes graves quem vai subir pra a UTI e talvez se salvar e deixar os outros 29 que com grande chance irão morrer?”, questiona o médico.

Apesar de garantir que não promove as denúncias, o sindicato informou que irá cobrar do Governo do Estado a melhoria das condições de trabalho. “Não esperamos uma resolução de estalo, para ontem, mas vamos continuar mostrando as mazelas.

Vamos dar prazo e ajudar como for possível, até porque a crise não começou agora e é crônica e nacional”, diz.

Nesta semana ainda, na quarta-feira, a entidade voltará a visitar hospitais para fazer a mesma avaliação das emergências que era realizada durante a greve dos médicos, encerrada na semana passada.

Devem ser visitados de três a cinco hospitais.

No caso, os médicos estão se preparando para uma semana atípica, depois do fim da greve.

A sobrecarga na rede é atribuída ao volume de atendimento represado até a semana passada. “Muitos prefeitos não estavam mandando seus doentes para a capital.

O próprio governo do Estado não estava fazendo isto por conta da greve.

Agora está o caos”, diz, explicando a iniciativa do médico do HR.