A greve dos professores deixou marcas e diferenças profundas no movimento sindical dos professores.
Um debate realizado ontem por Ednaldo Santos, na Rádio Jornal, evidenciou a crise, que foi parar hoje na tela principal do site da oposição ao Sintepe.
Veja os termos.
Debate na Rádio Jornal - A reposição entre festas e “avanços” O debate sobre a crise na educação apresentado no programa “Movimento”, conduzido pelo comunicador Ednaldo Santos, nesta noite de quinta-feira foi mais um momento revelador.
Primeiramente, surgiu no debate a avaliação sobre os resultados da greve.
Indicamos nossa posição de que o resultado foi sofrível e irrisório, a direção do Sintepe (através do presidente Heleno Araújo) explicitou como se deu o processo de negociação com o governo e a representação da Secretaria de Educação (por meio da professora Aída Monteiro) defendeu os argumentos do governo sobre as limitações da administração e do erário em atender ao conjunto de reivindicações.
O tema relativo à “priorização” da educação baseou esta discussão, mas as percepções a este respeito não são convergentes.
A “proposta” de calendário de reposições de aulas e suas “sugestões” foram defendidos como se fossem viáveis e representassem um avanço.
Mas para quem não vai precisar ministrar 18 aulas em um dia sem descanso, o “avanço” parece resolver pendências deixadas pela greve.
Prega-se autonomia das unidades escolares e o espaço para o exercício da livre adaptação às contingências específicas de cada uma.
Mas onde há espaço para a tal “criatividade” dos gestores e professores em compor um calendário de reposições diante das amarras estabelecidas pela Secretaria de Educação, que determina as condições da reposição?
Será possível a “autonomia” das escolas diante de restrições práticas tão rígidas?
Se a data-limite do ano letivo segundo o calendário é o dia 29 de dezembro e a necessidade de ampliar a carga-horária é um fato concreto, então a autonomia e a possibilidade de desenvolver um calendário próprio em cada escola são impraticáveis!
A Secretaria de Educação cumpriu seu papel em defender o calendário, mas será que a direção sindical avaliou cuidadosamente a “proposta” antes de concordar com boa parte dela?
Quantos dos professores que precisarão se submeter a esta jornada extrema foram ouvidos antes que tais medidas fossem elaboradas e abençoadas?
Enfim, fica a preocupação de que a viabilidade e a qualidade das reposições não estão sendo devidamente levadas a sério.
Os fiscais devidamente nomeados para lançar suas vigilantes espiadas nos professores não conseguirão garantir a qualidade da reposição.
Ainda sobre o calendário, chegou a ser sugerido: vamos utilizar os sábados para fazer “festejos” escolares!
Sim, claro, vamos festejar aos sábados as efemérides protocolares do calendário escolar enquanto estivermos arrasados pela carga-horária concentrada!
Vamos comemorar o dia 29 de dezembro como marco de uma formulação de reposição insólita!
Vamos nos confraternizar com os alunos do turno da noite que estarão impossibilitados de chegar na escola!
Festa: não haverá reposição à noite!!!!
Vamos vibrar com os esforços olímpicos dos professores que precisarão ir de uma escola para outra em questão de minutos!
Vamos celebrar a corrida contra o tempo, os atrasos no horário a cumprir, a exaustão, a alimentação precária e rápida, a escola imunda por falta de tempo para limpeza!
Festejaremos a precariedade acentuada de um trabalho já precário e o medo do próximo levantamento do IDEB - Índice de desenvolvimento da Educação Básica -, pois nada indica que deixaremos de ter a pior educação pública do país!
Nossos sábados letivos serão dias de festa, mas não poderemos comemorar a reposição nos termos impostos como se fossem sugestões pois ela terá qualidade precária – e terá mesmo.
Isso não foi devidamente avaliado na discussão, mas as questões foram levantadas!
Além de tantas outras coisas afirmadas, detalhes que a própria dinâmica e contingências de um debate ao vivo acabam não conseguindo contemplar, nada de novo foi discutido em profundidade.
A idéia do programa foi ótima e a produção da Rádio Jornal está de parabéns, mas este é um tema que necessita ainda de muitos debates.
Quando tratamos dos problemas da educação no Brasil ou em Pernambuco, a luz no fim do deste longo túnel continua distante.