Da editoria de Política do JC O primeiro vice-presidente do PMDB, o ex-deputado Marcus Cunha – muito ligado ao senador Jarbas Vasconcelos – pegou carona na decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – que ameaça o mandato dos que mudarem do partido pelo qual se elegeu – para mandar ontem um duro recado ao deputado federal Carlos Eduardo Cadoca (PMDB).

Deixando claro que se trata de uma opinião pessoal, embora ocupe o segundo cargo na hierarquia da executiva, instância importante no processo de escolha do candidato à Prefeitura do Recife, Cunha pediu que Cadoca deixasse a legenda e decidisse logo o que pretende fazer “porque ninguém (no partido) agüenta mais essa indecisão”.

Cadoca pleiteia, pela segunda vez, a condição de candidato do PMDB à PCR.

E, mais uma vez, disputa com Raul Henry a indicação do partido às eleições.

Especula-se que o deputado poderia até deixar a legenda, caso o PMDB não avalize sua candidatura.

Se fizer isso, corre o risco de perder o mandato, se, com a decisão do TSE, o PMDB reivindicar a vaga para o suplente. “Ele deve ir embora mesmo.

Se eu pudesse dar um conselho a ele diria: vá embora.

Cadoca está fazendo uma chantagem com o partido, quando condiciona sua permanência no PMDB à candidatura dele à Prefeitura.

Ele não vai ser o candidato.

O partido já fez sua opção.

Já era tempo de a gente dizer isso.

A porta está aberta para Cadoca ir embora”, avisou Cunha, defendendo também que o PMDB reivindique o mandato do parlamentar caso ele saia da sigla.

O presidente do partido, Dorany Sampaio, foi mais cauteloso.

Disse que, em tese, a decisão do TSE está correta. “Ou se faz isso ou não se valoriza os partidos.

Mas não há uma lei falando disso. É apenas uma decisão.

Como é que fica?”, questionou.

Sobre as declarações de Marcus Cunha, Dorany justificou que, como presidente, não pode dizer o que ele disse.

E adiantou que, por enquanto, “não há nenhuma candidatura do PMDB. “Tenho que ter cautela.

Não vou constranger meus companheiros.

E depois, só voto (em caso de a escolha do candidato ser no voto e restrita à executiva) se tiver empate”.

Segundo vice-presidente do PMDB, o vereador Liberato Costa Júnior avaliou que as chances de Cadoca contar com o apoio da executiva para sair candidato não são boas. “O diretório estadual tem o comando de Jarbas”, explicou.

O senador tem preferência por Raul Henry.

Liberato também acredita que o PMDB não abrirá mão do mandato de Cadoca, caso ele deixe a legenda. “O partido vai ter essa iniciativa.

De minha parte não penso nisso.

Cadoca é um histórico do PMDB, foi fundador do partido”, justificou.

Determinado a só falar sobre a sucessão em 2008, Jarbas silenciou ontem sobre o assunto.

Mas o senador já deixou claro, reiteradas vezes, que é favorável à fidelidade partidária.