A nova presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, 25 anos, quer “ousar” e “radicalizar”.
Ela não descarta ocupações de reitorias, mas disse que vai focar em pautas “light” para atrair mais adeptos nas universidades brasileiras. .
Jovem, bonita e engajada, a porto-alegrense que trocou o Sul pela capital paulista para se dedicar ao movimento estudantil foi eleita em julho para liderar a UNE durante dois anos.
Em entrevista ao portal G1, Lúcia contou que o seu desafio é cativar os diferentes perfis de alunos - desde os que trabalham até os que gostam de esporte, cultura, meio ambiente.
Leia abaixo trechos da entrevista ao G1 e a íntegra, aqui.
G1 - Como você entrou para o movimento estudantil?
Como foi sua trajetória?
Lúcia - Comecei quando eu era representante do grêmio que existia na minha escola.
Naquele momento explodiram as manifestações do Fora Collor, em 1992, e o grêmio começou a organizar os estudantes para saírem em manifestações.
Quando entrei na faculdade [no curso de ciências sociais] fui logo disputar o centro acadêmico, conhecer o DCE e daí, para entrar na UNE foi um pulo.
Em 1999 fui delegada no congresso da UNE.
Depois, eleita para ser representante do meu curso e, dois anos depois, para representar a UNE no Rio Grande do Sul.
Em 2003 fui eleita diretora de comunicação social da UNE e tinha de morar em São Paulo.
Então, não vacilei e deixei tudo para trás.
Tranquei as faculdades de jornalismo [na Pontifícia Universidade Católica do RS] e ciências sociais [na Universidade Federal do Rio Grande do Sul] e vim morar em uma república de diretores da UNE, com gente de vários estados.
Só depois de um ano e meio é que eu consegui fazer a transferência do curso de jornalismo para a Fiam [Faculdades Integradas Alcântara Machado].
G1 – A imagem da UNE enfraqueceu com as invasões de reitorias de universidades pelo país?
A maioria dos movimentos não teve a participação da UNE, inclusive o da USP, que foi o que mais durou.
Lúcia – A ocupação da USP ocorreu num momento em que a gente estava muito voltada para a construção de nosso congresso.
Foi um movimento que aconteceu comandando por uma vanguarda do movimento estudantil da USP, que teve essa opinião de ficar fora das instâncias da UNE.
Nós não cobramos vínculo ideológico para representar a base de estudantes, então tomamos para nós as pautas da ocupação da USP e fizemos um grande dia nacional de lutas.
Reconhecemos a importância que o movimento da USP teve na construção de uma perspectiva de mais ousadia para o movimento estudantil.
Acho que essa situação da USP nos ajudou a resolver para essa pauta de mais ousadia, de mais reivindicações, de mais radicalidade para esses próximos dois anos.
G1 – Você recebe salário como presidente da UNE?
Lúcia - Quem se muda para São Paulo tem uma ajuda de custo e a gente tem de comprovar que usou o dinheiro exclusivamente para pagamento de aluguel.
Não posso comprar roupa, por exemplo.
Hoje recebemos R$ 1.200.
Mas, no fim de ano, a gente passa por dificuldade.
A gente já chegou a receber R$ 300.
Ficamos devendo aluguel.
Só faz mesmo quem tem essa disposição de doar sua vida para o movimento estudantil.
G1 - O PC do B interfere na UNE?
Paga a faculdade dos presidentes?
Lúcia - O PC do B não tem nenhum tipo de ingerência sobre a UNE.
Quem define os rumos que a UNE vai ter é o congresso da entidade.
E o PC do B não paga a minha faculdade, eu consigo [fazer faculdade] graças ao apoio da minha família.