A vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe), Antonieta Trindade, não acredita que a catagoria tenha saído dividida ou derrotada da greve que foi suspensa nesta sexta (3), ao completar 54 dias. “Esse movimento revelou grande resistência dos trabalhadores em educação”, afirmou. “Fez com que saíssemos do 0 inicial proposto pelo governo para chegarmos aos 5% de reajuste salarial a partir de setembro”, contabilizou.

Ela reconheceu que o percentual mantém o salário dos professores de Pernambuco como o pior do Brasil segundo a avaliação dos próprios docentes. “Ocorre que em toda greve sempre se chgea a um limite na negociação.

Há 27 anos acompanho os movimentos de professores e nunca conseguimos tudo”, contou.

Antonieta também nega que a direção do Sintepe tenha perdido força por conta da oposição que, este ano, conseguiu mobilizar grande parte dos docentes.

Em assembléias anteriores à de hoje, houve acusações de que a condução da greve pelo sindicato estava sendo feito de maneira muito moderada.

Isto porque, a direção é formada por pessoas ligadas ao PT e ao PCdoB, partidos que compõem a base de apoio ao governador Eduardo Campos (PSB).

Por mais de uma vez, a direção do Sintepe recomendou o final da greve e foi derrotada em assembléia. “É muito difícil manter a unanimidade dentro de uma base tão grande de trabalhadores, formada por 66 mil pessoas, 29 mil na ativa”, afirmou Antonieta, filiada ao PCdoB.

Ela destacaou que, na assembléia de hoje, muitas das pessoas ligadas à oposição se alinharam com a direção do Sintepe para pedir o final da greve. “A oposição mostrou coerência ao reconhecer que não adiantava manter o movimento depois que o governo encerrou as negociações e a greve começou a se esvaziar”, explicou.

Segundo a última avaliação do Sintepe, o índice de adesão tinha caído para 52% na Região Metropolitana do Recife e 28% no interior.

CALENDÁRIO A assembléia desta sexta definiu que os professores voltam às aulas já na próxima segunda-feira (6).

Mas existem ainda pequenas questões que o Sindicato quer acertar com o governo. É o caso da devolução do desconto dos dias parados.

O governo anunciou que isso seria feito através da assinatura de termos de compromisso individual.

Depois de assinar o documento, cada professor receberia a devolução em até quatro dias úteis.

O Sintepe quer que a questão seja encaminhada coletivamente, pelo sindicato.

O outro acerto é quanto ao calendário de reposição das aulas.

Ao encerrar as negociações, o governo estabeleceu um calendário único para a reposição, usando sempre os sábados, até 18 de janeiro do próximo ano.

O Sintepe quer que cada escola tenha autonomia para estabelecer seu prórpio calendário. “As condições variam de acordo com as regiões do Estado”, garante Antonieta Trindade.

Segundo ela, há 31 dias úteis para repor. 5% Os trabalhadopres em educação queriam 16% de reajuste no salário-base da categoria, além de equiparação do salário inicial ao mínimo de R$ 380,00.

Vão receber 5% a partir de setembro.

Hoje, o salário-base do professor iniciante, com formação em magistério e carga de 150 horas-aula, é de R$ 253,38.

Também receberão, em agosto, em pagamento único, R$ 200,00 como abono educador.

Historicamente, este abono correspondia a 50% do salário de cada professor.

Por isso, quem ganha acima de R$ 400,00 sairá perdendo.

Ficou acertado o aumento da gratificação para os 7 (sete) professores de escolas mínimas do Estado.

De R$ 57,00 para R$ 888, retroativos a junho.

Escolas mínimas, como o nome indica, são aquelas com estrutura muito reduzida em que um só profissional exerce a direção, a administração e dá aulas.

Técnicos educacionais terão gratificação de 60% sobre o salário-base.

Finalmente, o governo se comprometeu a assinar até dezembro decreto regulamentando a progressão profissional dentro do Plano de Cargos e Carreiras.

As avaliações começarão em 2008.

A rede estual de ensino tem cerca de 960 mil alunos, 66 mil trabalhadores em educação (29 mil na ativa) e 1.107 escolas.

A greve, que começou no dia 11 de junho, foi a mais longa dos últimos dez anos.