Falando de improviso ou não, o presidente Lula (PT) se supera.

Nesta quinta-feira (2), ele comparou a crise aérea a “cachorro com muito dono, morre de fome, que ninguém cuida”.

O presidente reafirmou que o apagão aéreo o pegou de surpresa.

Ele disse que em nenhuma campanha o assunto foi levantado e comparou os problemas no setor, a partir da crise na Varig, a um paciente que não sabe que tem câncer. “A crise aérea é uma doença com metástase que o paciente não sabe que tem”, soltou Lula aos políticos aliados, segundo relato de um dos presentes.

Lula citou o acidente da Gol e o problema dos controladores como fatores que levaram o governo a perceber o problema.

Os comentários do presidente aéreo foram feitos em reunião do Conselho Político.

Abaixo, vale a pena recapitular o histórico do presidente que nunca sabe de nada.

Veja trechos das análises: Do Blog do Noblat Era uma vez… …um presidente da República que dizia não saber de nada que pudesse embaraçá-lo.

Não sabia que o apoio do PP à sua candidatura em 2002 havia sido comprado por pouco mais de R$ 6 milhões - embora estivesse no mesmo apartamento de Brasília onde alguns dos seus companheiros se ocupavam em fechar a compra. “Tudo certo”, ouviu depois de um deles.

Certamente não se interessou por saber como tudo fora acertado.

Não sabia que a equipe de arapongas montada com seu consentimento ainda em 1998 espionava adversários, armava para cima deles e ía além de todos os limites da irresponsabilidade. (…) Não sabia da crise aérea antecipada por um relatório do seu primeiro ministro da Defesa tão logo ele pisou o mármore do Palácio do Planalto ainda nos idos de março de 2003. É fato que mais de uma vez havia pedido para que se marcasse dia e hora para o fim da crise.

Mas tal lembrança foge do scripit e, portanto, é melhor esquecê-la.

Por desconhecer o que estava por vir, não liberou dinheiro a tempo de evitar o que só se deu conta depois da tragédia que matou 199 pessoas no aeroporto de Congonhas.

Por não saber o que deveria saber, o que tinha obrigação de saber, e o que é inimaginável que não soubesse, foi feliz e bem recebido em toda parte pela clientela dos programas sociais do seu governo - e também por aqueles que preferiram dispor de um presidente mal informado a um legítimo representante da elite branca, conservadora e racista, empenhado em restabelecer antigos e detestáveis costumes.

Até que…

Até que um dia, para seu próprio espanto, foi sonoramente vaiado no Maracanã.

O resto dessa história ainda está por ser escrito.

Do Blog de Josias de Souza Lula diz, veja você, que ‘não sabia’ da crise aérea Reunido nesta quinta-feira (2) com o seu conselho político, Lula discorreu sobre o aerocaos.

Reconheceu que não tinha noção das dimensões do problema.

Comparou a chaga aérea a uma “metástase” (foco secundário de um tumor cancerígeno), desconhecida do paciente.

Integram o conselho político os dirigentes dos partidos associados ao consórcio governista no Congresso.

Foram esses políticos que contaram aos jornalistas o que ouviram de Lula a portas fechadas.

Participaram também do encontro os ministros Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais) e Guido Mantega (Fazenda).

O presidente insinuou que ele não era o único a desconhecer a encrenca aérea.

Lembrou que, nas cinco eleições presidenciais de que tomou parte, o assunto jamais fora objeto de debate.

Queixou-se, de resto, do excesso de órgãos públicos incumbidos de “gerir” o setor da aviação civil: Ministério da Defesa, Aeronáutica, Infraero, Anac etc. “Cachorro que tem muitos donos morre de fome, e ninguém cuida”, teria dito.

Daí ter dado “carta branca” a Nelson Jobim, o novo manda-chuva da Defesa.

O fato de Lula afirmar que desconhecia a gravidade da chaga aérea não chega a causar espanto.

Não é a primeira vez.

A cegueira, no caso dele, é seletiva e recorrente.

O que assusta é que, até o dia 16 de julho, véspera da tragédia da TAM, o presidente e seu governo consideravam que o quadro era de normalidade.

A despeito de todas as evidências em contrário, esfregadas na cara de Lula e das demais autoridades públicas durante dez intermináveis meses, Brasília freqüentava o noticiário com a cara sonolenta de Waldir Pires e as faces ineptas dos gestores da Infraero e da Anac.

Assim, só há um vocábulo capaz de definir a pregação de Lula: bobagem.

Sem preconceitos.

Afinal, a bobagem é algo comum a todas as épocas, culturas e idiomas.

Suprimi-la das frases do presidente da República seria o mesmo que impor a ele, que já é cego, uma mudez eterna.