O deputado deferal Raul Jungmann (PPS) reuniu-se na noite de ontem (terça, 31) com o governador do Rio Sérgio Cabral Filho (PMDB) para discutir um problema que afeta, na verdade, todo o Pais: o número de armas que chegam aos bandidos através de policiais.
De acordo com Jungmann, que preside a subcomissão de Controle de Armas e Munição da Câmara dos Deputados, uma em cada cinco armas apreendidas com bandidos foram fornecidas por policiais militares ou civis.
Jungmann tem reunião marcada na próxima terça (7), em Brasília, com o novo ministro da Defesa, Nelson Jobim, para falar sobre o mesmo tema.
E também deve se reunir na semana que vem com o governador de São Paulo José serra (PSDB) para debater a questão.
Nestes encontros, o deputado está apresentando um conjunto de 16 medidas destinadas a combater o problema do excessivo número de armas em circulação.
Uma das mais importantes é a revogação da portaria 616/ 1992, do Ministério do Exército, que estabeleu facilidades muito grandes para a compra de armas pelos policiais.
Pela portaria, o policial militar pode comprar, a cada período de dois anos (repetindo: dois anos), três armas, 1.300 cartuchos de munição e cinco quilos de pólvora para seu uso pessoal.
O policial civil, por sua vez, tem o direito de comprar uma arma a cada dois anos.
Nos dois casos, pelo preço de custo. “Nossa idéia é ter uma situação semelhante à da França e dos Estados Unidos, em que cada policial tem o direito de possuir uma única arma durante toda a vida, fazendo a sua substituição quando necessário”, contou. “Isso seria uma revolução para reduzir o número de armas que acaba nas mãos dos bandidos”.
O deputado destaca que o problema atinge apenas uma parte dos policiais, dispostos a se envolver com o crime na venda de armas.
Mas as estatísticas indicam que este número pode ser significativo.
DEPÓSITOS Outro problema indicado pelo parlamentar diz respeito aos depósitos de armas apreendidas e acauteladas sob a guarda do Estado.
Só no Rio de Janeiro são cerca de 250 mil. “Estes depósitos com segurança precária também são grandes fontes para armar o crime”, acredita Jungmann, que sugere a destruição pura e simples do arsenal.
Segundo ele, o governador do Rio aceitou a sugestão e disse que vai implementá-la.
Quanto às mudanças na regra para compra de armas pelos policiais, Sérgio Cabral Filho vai estudar se o governo do Estado pode atuar sobre a legislação existente.
Ou se precisa fazer pressão junto ao governo federal para revogar a portaria. “Como isso vai ser feito, não importa.
O importante é se adotar uma medida para ter um controle maior”, avaliou Jungmann.
Da reunião de ontem no Palácio Guanabara com o governador, também participou todo o comando da segurnaça pública do Rio de Janeiro.