A CPI do Apagão Aéreo decidiu ouvir nesta quarta, em sessão secreta, o áudio da caixa-preta de voz que registrou os últimos diálogos dos pilotos do Airbus A320 da TAM.

Os deputados prometeram divulgar o conteúdo das gravações, mas muitos parlamentares pediram que fossem mantidos sob sigilo os registros de desespero e pavor, em respeito às famílias dos 199 mortos no pior acidente aéreo do País, há exatamente duas semanas. Às 14h de ontem, o assessor parlamentar da Aeronáutica, brigadeiro Átila Maia, entregou o conteúdo das caixas-pretas do Airbus 320 da TAM, sem esconder a contrariedade por repassar informações confidenciais aos deputados. “Vocês vão receber um filme de terror.

O que vão fazer com isso?”, indagou o brigadeiro a um grupo de repórteres, ao deixar a sala da CPI.

O oficial explicou em seguida, porém, que não havia ouvido o diálogo entre os pilotos.

Ele esclareceu que se referia à maioria das gravações em casos de acidentes trágicos como o do dia 17 de julho.

Segundo o brigadeiro, muitas vezes os passageiros percebem a gravidade do problema e as caixas-pretas registram gritos de pavor, além da ansiedade dos pilotos nos momentos que antecedem a colisão.

O oficial afirmou não ter dúvida de que desta vez não seria diferente: a caixa-preta da TAM com certeza, segundo ele, registraria o desespero dos pilotos ao perceberem que o acidente seria inevitável.

Desde o início das investigações sobre as causas da tragédia, a Aeronáutica tem insistido que o objetivo da apuração é evitar novos acidentes e não apontar culpados.

Por isso, os oficiais foram contra a entrega dos dados à CPI.

No entanto, o chefe do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), brigadeiro Jorge Kersul Filho, garantiu que atenderia ao requerimento da CPI.