Presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação, Heleno Araújo não esconde a decepção por não ter conseguido suspender a greve da categoria, que já dua 51 dias.

Conversei com ele, há pouco, por telefone.

Heleno admitiu que teve um “sentimento equivocado” sobre o fim da paralisação.

Mesmo assim frisou que é um “contra-senso” continuar com a greve, uma vez que professores do Interior do Estado e da Região Metropolitana do Recife (RMR) já está cedendo.

Heleno também rechaçou a crítica de que o Sintepe seria um braço político do governo. “São acusações bestas de pessoas que só querem tumultuar o processo”.

Veja abaixo a entrevista completa.

Presidente, o senhor tinha um sentimento de que a greve ia acabar na assembléia desta terça-feira (31), mas a maioria votou pela continuação da paralisação numa votação tensa.

Não foi tensa.

Foi tranquila.

Estava um pouco divida.

A diferença (de votos) não foi grande.

Teve um bom número que queria suspender a greve.

Hoje, na assembléia, muitos professores acusaram, inclusive, o sindicato de trazer professores do Interior do Estado para ajudar na votação favorável ao fim da paralisação…

Isso é acusação besta.

Há um refluxo da greve no interior.

Ou seja, o pessoal voltando a trabalhar.

Então a gente não pode dizer que está em greve com muitos voltando a trabalhar e outros não. É um contra-senso.

Há críticas da categoria de que o Sintepe pressionou para acabar a greve, na assembléia de hoje.

O Sintepe não pressiona.

Ele avalia o processo.

Avaliamos, pelo que olhamos no Interior do Estado e na Região Metropolitana do Recife (RMR), que o sentimento era favorável a suspendermos a greve.

Mas a maioria na quadra (no IEP, hoje) votou por continuar.

Continuo dizendo que é um contra-senso pelo que avaliamos no Interior e na RMR A maioria dos profissionais presente à assembléia recebeu com vaias a nova posição do governo do Estado e rejeitou o reajuste de 5%.

Sua expectativa era diferente disso.

Toda vez que há uma nova negociação (com o governo) há esse sentimento. É natural.

Mas acabou isso (o sentimento).

A greve continua.

Hoje, os secretários Danilo Cabral (Educação) e Paulo Câmara (Administração) estavam confiantes no fim da greve.

O governador Eduardo Campos (PSB) também tinha esse sentimento. É o que eu disse.

Toda vez que há uma nova negociação, há sentimentos.

Mas o fato real agora é que a greve continua.

Eu tinha esse sentimento que a greve ia acabar e foi equivocado.

Agora acabou (o sentimento).

Já foi marcada uma nova negociação com o governo?

Não há nada marcado.

Amanhã (quarta, dia 1), vamos oficializar com o governo a posição da categoria e ouvir se eles sinalizam com uma nova proposta.

Os servidores não aceitam reajuste de 5% nos vencimentos.

O que está marcada é uma nova assembléia sexta (3) da categoria, às 9h, na quadra do IEP.

Muitos servidores têm acusado o Sintepe de ser um braço político do governo Eduardo Campos.

Como o senhor avalia? É uma acusação indevida e sem cabimento.

O Sintepe representa uma categoria que aprova ou reprova em assembléia.

E se a acusação é sobre a direção, também digo que é sem cabimento.

São acusações bestas de pessoas que só querem tumultuar o processo.

Mas há queixas de que a direção não estaria representando a categoria…

Só tenho a dizer que a greve acaba na assembléia, por decisao da categoria.

O dirigente sindical fala mediante a avaliação estadual.

O Interior e RMR está voltando às aulas.

O fato do governo ter colocado as reivindicações na pauta já fez a classe recuar (com a greve).

Agora estamos vivendo um momento atípico, de o pessoal continuar a greve mesmo com o refluxo e dias cortados.

Não adianta acusar a direção.

Atuamos com base na análise geral e na história.

Agora é um direito nosso (dos dirigentes) fazer uma avaliação geral.

E é um direito da categoria discordar.

Não vai levar a nada ficar com acusações bestas.

Não vamos nos dobrar.