As 19 entidades que organizaram o protesto de ontem (domingo, 29), em São Paulo, convocaram a população a participar de um boicote às companhias aéreas no próximo dia 18. “Pé no chão, não de avião” é o lema da proposta, que ocorrerá em paralelo a uma nova passeata repetindo o trajeto feito ontem: do Monumento às Bandeiras até o prédio da TAM Express atingido pelo avião Airbus A320, da própria companhia, no acidente que matou 199 pessoas.

Os organizadores pretendem utilizar a internet para mobilizar o que chamam de maior boicote aéreo realizado no Brasil.

A manifestação será em 18 de agosto, um dia depois do acidente completar um mês. “Nossa idéia era fazer o protesto no dia 17.

Mas cai numa sexta e nem todos poderiam participar”, disse Sandra Assali, presidente da Associação Brasileira de Parentes e Amigos de Vítimas de Acidentes Aéreos, entidade criada depois da queda do Fokker-100 da TAM, em 1996, quando morreram 99. “No próximo dia 18 ninguém voa.

Vamos formar uma corrente envolvendo todas as classes sociais.” Embora tenha sido organizada em poucos dias, a manifestação de ontem contou com camisetas pretas com o slogan “A sociedade exige respeito” e um jingle bem-acabado, além de assessoria de imprensa.

O jingle acabou substituído por “Pra não dizer que não falei de flores”, de Geraldo Vandré, cantada por Seu Jorge.

No fim do protesto, o choro da filha de Fernando de Oliveira, uma das vítimas do avião da TAM, comoveu manifestantes, jornalistas e fotógrafos.

Renata completou 16 anos ontem e ainda não conseguiu identificar o corpo de seu pai.

Viu, ontem, o lugar do acidente pela primeira vez.

Pediu justiça e o fim do descaso. “É muito triste saber que uma pessoa que se ama muito morreu neste lugar e por irresponsabilidade.

De quem eu não sei, não me interessa.

Eu escutei o nome do meu pai na lista pelo rádio”, disse.