Da editoria de Política do Jornal do Commercio O senador Marco Maciel (DEM-PE) decidiu cair em campo para articular a votação de um antigo projeto seu, que, apesar de há 18 anos no Congresso Nacional, toca em um tema bem presente na política brasileira.
O senador pernambucano vai propor ao presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia (PT-SP), que o seu projeto de regulamentação da atividade do lóbi volte à pauta para votação em plenário.
Mesmo sem citar diretamente a crise do Senado que envolve a relação controversa do presidente da Casa, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), com o lobista da empreiteira Mendes Júnior, o senador disse que a proposta, que está parada há 17 anos na Câmara, “tem uma enorme atualidade”. “Fico pensando que, se esse projeto tivesse sido aprovado, talvez muita coisa que aconteceu não teria acontecido”, argumentou Maciel.
Depois das últimas crises que atingiram o Congresso, o senador passou a ser convidado a dar palestra sobre o projeto da legalização da atividade.
Neste mês, Maciel esteve na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro e falou sobre o tema “A Importância da Ética na Regulamentação da Atividade do Lóbi”.
Na saída do evento, o senador evitou falar sobre o caso de Renan, mas indicou que aproveitará a crise para pressionar pela volta da proposta à ordem do dia da Câmara.
Ele contou que foi procurado por Chinaglia para uma conversa e quer aproveitar o encontro para interceder pelo projeto.
A proposta de Maciel prevê que os profissionais dedicados ao lóbi sejam cadastrados para circular no Congresso e fiquem sujeitos à fiscalização da Receita Federal.
Dessa forma os encontros entre lobistas e políticos seriam algo oficial, institucionalizado e transparente. “O projeto é simples, não é nada draconiano”, defendeu Maciel.
Segundo o dicionário, lóbi significa “um grupo de pessoas ou organização que tem como atividade profissional buscar influenciar, aberta ou veladamente, decisões no poder público em favor de interesses privados”.
O senador argumentou que a maioria dos países democráticos já tem o lóbi regulamentado. “Na medida em que essa atividade for disciplinada, as pessoas terão outra interlocução transparente com o Congresso”.
Maciel se disse “descrente” em relação à aprovação de uma reforma política no Congresso, que ele gostaria de ver acompanhada de uma série de aprimoramentos institucionais.
Para ele, a reforma política teria efeitos para além da vida partidária, até mesmo na economia e na imagem do País no exterior.