Da Agência Estado Neste domingo (29), o encerramento dos Jogos Pan-Americanos do Rio não deve contar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Vaiado por seis vezes na abertura do evento, dia 13, o presidente, que andou recebendo apupos também no Nordeste nos últimos dias, deve permanecer em Brasília durante o fim de semana, de acordo com sua assessoria.

O professor de Ética da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, tem um raciocínio que ajuda a entender esse movimento: os políticos são todos ciosos de sua imagem e fogem de cenas de impopularidade explícita, mas o presidente Lula é ainda mais sensível, por cultuar especialmente a própria imagem. “Ele se torna muito mais suscetível a manifestações públicas como vaias ou críticas, que vai considerar sempre infundadas”, explicou.

No caso da abertura dos Jogos Pan-Americanos, o professor ressalta o teor do comentário feito pelo presidente Lula no programa Café com o Presidente, na segunda-feira, dia 16.

Romano vê sinais de que o mandatário brasileiro, envaidecido pelos altos índices de popularidade, desenvolveu uma personalidade baseada na “egolatria”.

O intelectual anotou nada menos que sete “eu” no comentário.

Na opinião de Romano, isso é mais do que querer se passar por “homem comum”.

O presidente Lula se comportou como se fossem dele os quase R$ 2 bilhões destinados ao Rio para a realização do evento.

Nesse quadro, a tragédia com o avião da TAM trouxe uma agravante: mexeu com um público que, acreditam os analistas de opinião pública, tem perfil semelhante ao que estava no Maracanã e desembolsou até R$ 250 pelo ingresso para a abertura do Pan.