Por Ana Lúcia Andrade, Paulo Sérgio Scarpa e Sílvio Burle Aliado importante na sucessão do Recife, o deputado federal Armando Monteiro Neto, presidente estadual do PTB, vai caminhar com o PT em 2008.

E tem preferência por Humberto Costa como candidato à sucessão municipal.

Armando acredita que o prefeito João Paulo é um bom nome para o Senado em 2010.

Sobre o senador Sérgio Guerra (PSDB), que não pretende ser radical na oposição ao governo de Eduardo Campos, Armando disse que “ele (Guerra) tem essa característica: a de fazer um jogo sinuoso.

Sérgio é de uma mobilidade permanente”.

Leia abaixo alguns trechos da entrevista publicada no JC deste sábado (28).

JORNAL DO COMMERCIO – Como está o PTB no Estado hoje?

ARMANDO MONTEIRO NETO – O PTB cresceu muito.

E espero que seja um crescimento que se consolide.

Que não seja um movimento episódico.

Se possível, que avance nos setores sociais.

O partido tem hoje uma bancada expressiva na Assembléia Legislativa.

Considerando o PMN, que está muito próximo a nós, é uma bancada de nove.

Temos agora 29 e, em poucos dias, seremos 42.

Estamos seguros de poder disputar em 80 municípios com candidatos próprios.

JC – E no Recife?

ARMANDO – Reconheço que o partido não tem alternativa própria para a Prefeitura do Recife.

Tudo indica que vamos marchar com o PT.

Já participamos da administração municipal e reconhecemos que o prefeito João Paulo tem condições para coordenar e definir o candidato, o governador me parece que também reconhece isso, e tudo indica que o PTB vai marchar ao lado de João Paulo.

Acho que João Paulo adquiriu essas condições.

Ele tem densidade.

JC – O senhor aprova o nome indicado pelo prefeito, do secretário de Planejamento João da Costa?

ARMANDO – João é um bom quadro.

Já demonstrou que do ponto de vista técnico e administrativo é indiscutivelmente capaz.

Agora daí, para ele se colocar como candidato, vai precisar se apresentar como tal.

Mostrar que reúne condições que vão além das circunstâncias de ter sido um auxiliar competente.

JC – Que condições são essas?

ARMANDO – Condição de se articular, aglutinar para dentro e para fora do PT.

Ele tem de mostrar que tem condições de reunir apoios.

Não é a pesquisa que me impressiona.

A rigor não tem um nome que já desponte com grande densidade.

Esses que estão aparecendo têm um forte recall da eleição passada.

Eu devo fazer uma ressalva: Humberto Costa tem (densidade).

Mas ele não admitiu ainda ser candidato.

Se Humberto fosse candidato eu o apoiaria já de pronto, me anteciparia anunciando esse apoio. É importante registrar isso.

Reconheço que ele é um nome que já tem densidade comprovada.

JC – O PMN, aliado do PTB, apresenta o deputado Sílvio Costa Filho. É uma alternativa para 2008?

ARMANDO – É um quadro promissor.

Já demonstrou isso pela votação que teve no Recife e pela forma como se articula.

Para uma candidatura já, acho cedo.

Ele pode até vir a compor uma chapa, quem sabe? É alguém que está colocado para os próximos pleitos, não é agora.

Tenho inclusive transmitido isso a ele.

JC – Na hipótese de João Paulo fazer o sucessor, ele se credencia para o governo em 2010?

ARMANDO – Se João eleger o sucessor ele demonstrará mais uma vez que tem muita força no Recife.

E esse é um capital apreciável.

Mas uma coisa é reafirmar a liderança e a densidade no Recife.

Outra é a disputa de 2010, quando há uma candidatura natural que é a do governador Eduardo Campos.

JC – E para o Senado?

Há duas vagas em 2010.

Esse é o caminho que o prefeito está trilhando?

ARMANDO – Pode ser.

Não sei quais são os planos de João Paulo.

Mas seguramente ele pode ser candidato ao Senado. É moço, tem futuro e responsabilidade com o projeto do presidente Lula, se fortalece se fizer seu sucessor, é um quadro para várias hipóteses, até para uma vice-presidência da República.

Ele fortalece nosso conjunto de forças mas não precisa colocar-se para uma disputa antecipadamente.

João é uma presença indispensável no palanque de 2010.

E numa eventual postulação minha (ao Senado) não atrapalharia de forma alguma.

Temos tido uma relação política muito correta com ele.

JC – Como o senhor avalia a posição do PSDB de não radicalizar com o governo Eduardo? É uma aproximação?

ARMANDO – Entendo que um governo tem que operar politicamente buscando ampliar sua base.

Quanto à posição do senador (tucano) Sérgio Guerra (de não radicalizar), ele tem essa característica: a de fazer um jogo sinuoso.

Sérgio é de uma mobilidade permanente.

Só não entendo é oposição que é meia oposição.

Oposição é algo substantivo.

Não precisa adjetivá-la.

Mas foi o governo que imobilizou a oposição quando se movimentou bem em diversas frentes.

O que, a rigor, a oposição apontaria como falha do governo?