É cada vez mais notável a disputa entre o Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) e os professores.
A imprensa já noticia, há alguns dias, que a categoria chegou a formar um grupo de oposição à entidade que os representa.
Na assembléia de ontem (25), depois de encerrada a votação das propostas, um dos diretores do Sintepe, Valdênio Carvalho, comemorou junto a uma companheira. “Hoje, ganhamos todas”, disse.
Insatisfeitos, alguns docentes classificam os embates como desnecessários e acusam o sindicato de manipulação. “Na verdade, não houve propostas na assembléia, não houve democracia.
Isso está deixando o professor chateado, constrangido.
Nota-se que alguns chegam a desistir de expor suas opiniões com medo de enfrentar o Sintepe.
Pessoas que se aproximam do microfone mostrando propostas que vão de encontro às idéias do governo são logo acusadas de ser de uma ‘oposição ligada ao PSTU’”, avalia o coordenador do Movimento Organizado dos Professores Aprovados em Concursos de Pernambuco (Moprope), Juarez Ribeiro.
De acordo com o coordenador, ele não é membro de nenhum partido político e o Moprope não faz parte do grupo de oposição. “Esse grupo é que resolveu nos apoiar e aceitamos o apoio, já que o presidente do Sintepe já bateu de frente conosco, alegando que só o sindicato pode resolver questões educacionais”, justifica o docente.
Ribeiro ressaltou que o movimento do qual faz parte conseguiu a contratação de 957 professores concursados mesmo sem o apoio da entidade.
Para o professor Luciano Freitas, a categoria, de um modo geral, está consciente, mas é evidente a existência de grupos com interesses que vão além da luta pela categoria. “Não sou contra a existência do sindicato.
O que há, atualmente, é um problema de gestão.
Por tentar acabar com a greve por duas vezes, a direção ficou sem credibilidade.
Mas não acho que isso seja motivo para deixar de ser sindicalizado”, diz.
Segundo Freitas, são vários os fatores que dificultam as negociações. “O governador se diz democrático, mas não age como tal.
O sindicato não tem interesse em ser contra o governo, os políticos também não se arriscam e outros grupos se aproveitam disso para criticá-los.
Isso é ruim para a categoria.
Não é à toa que estamos há quase 50 dias em greve e não conseguimos negociar”, argumenta.
O Sintepe tem um presidente ligado ao PT: Heleno Araújo.
E uma vice do PCdoB: Antonieta Trindade.
Os dois partidos compõem a base de apoio ao governo Eduardo Campos.
O grupo mais barulhento de oposição à atual diretoria do sindicato tem raízes no PSTU.