Os políticos de oposição criticaram ontem (terça, 24) duramente o presidente Luiz Inácio Lula da Silva por ter adotado a estratégia de trocar eventos no Centro-Sul pelo Nordeste para evitar vaias e protestos por conta do acidente com o Airbus da TAM.
No blog que mantém na internet, o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia (DEM) afirmou que Lula não é um “estadista” e que a “adversidade o colocou na candestinidade”. “Um político completo na chefia de governo, um estadista, não é o que temos.
A adversidade o colocou na clandestinidade.
E o despachou para os seus nichos, de AeroLula, num contraponto triste com a pequena burguesia que rejeita, por autodefesa”, afirmou o prefeito, que faz oposição ao governo federal e foi acusado por setores governistas de ter organizado as vaias que Lula recebeu no Maracanã, na festa de abertura dos Jogos Pan-Americanos.
Para o líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Carlos Pannunzio (SP), o presidente Lula “tem uma clara tendência a fugir de problemas”. “O presidente foge das críticas e das situações adversas e prefere ir para o Nordeste, onde o programa Bolsa-Família funciona mais como um cartão de visitas a seu favor”, afirma o deputado tucano.
O deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) diz que o presidente está apresentando “um dos piores defeitos dos políticos”. “Esse defeito é só querer o lado bom, o aplauso fácil, só querer caminhar em estradas sem buracos.
Pelo que temos visto, ninguém erra nesse governo.
Parece que esse governo assumiu uma espécie de mistura da teoria do direito divino dos reis com a infalibilidade dos papas”, ironiza Alencar.
César Maia lembra que essa “não é a primeira vez que Lula se encolhe frente à adversidade”.
O prefeito compara a atual situação com a crise de 2005, provocada pelo escândalo do mensalão, quando dirigentes do PT e integrantes do governo foram envolvidos nas investigações da montagem de um esquema de caixa dois para parlamentares petistas e de partidos aliados dentro do Congresso. “Em 2005, durante o mensalão, (Lula) ocultou-se, e saiu da toca em Paris numa entrevista amadora desastrada.
Agora, da mesma maneira.
Encolhe-se, se oculta, perde a iniciativa, cancela sua agenda no Sul e a muda para o Nordeste.
Esta mudança de agenda foi feita da mesma maneira em 2005”, compara Maia. “As idas de Lula ao Nordeste, em 2005, foram assim: com direito a claque e cenário, e ele suado no meio dos amigos contratados, voltando a ser o líder sindical.
Essa regressão protetora de seu encolhimento na adversidade voltará nos próximos dias.
E contará com a TV para registrar seu passado, teatralizado no presente: sem gravata, suado, sem plural”, aposta Maia.