Durante anos, Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel travaram uma briga interna pelo comando do DEM, longe dos olhos do público.

Mesmo de estilo comedido, conciliador e com sua fala mansa, o pernambucano teve uma relação bem difícil com o baiano.

Mas, assim como tantos outros que não eram tão “chegados” a ACM, Maciel prestigiou o velório do correligionário, no sábado (21), em Salvador. “Como amigo, o seu desaparecimento nos entristece, embora esteja certo de que eu exemplo continuará a marcar a Bahia e o país, inclusive por meio de seus descendentes”, afirmou o senador pernambucano.

Como disse um leitor atento do Blog, depois de morto todo mundo é bom.

Veja abaixo reportagem de Sérgio Montenegro Filho, de Política do JC.Colega de bancada no Senado e correligionário de Antônio Carlos Magalhães desde a antiga Arena, passando pelo PDS e PFL, até o recém-criado Democratas, o pernambucano Marco Maciel sempre enfrentou uma relação difícil com o líder baiano.

Muito embora – graças ao seu estilo conciliador – procurasse dispensar ao companheiro de partido um tratamento cordial.

A disputa, entretanto, jamais arrefeceu.

Girava sempre em torno do espaço político, e muitas vezes pelo comando da legenda.

Os primeiros enfrentamentos entre os dois caciques datam da fundação da Frente Liberal.

Criado em 1985 por dissidentes do PDS para apoiar a candidatura de Tancredo Neves (PMDB) à Presidência da República no Colégio Eleitoral contra Paulo Maluf (PDS), o grupo foi idealizado por Marco Maciel, e somente depois de algum tempo receberia a adesão de ACM.

O que não evitou que o então deputado federal baiano já chegasse disposto a brigar pelo comando, então nas mãos de Maciel e do senador catarinense Jorge Bornhausen. os dois, aliás, se tornariam adversários do baiano dentro partido para sempre.

Não foram poucas as vezes que os grupos de Maciel e Bornhausen e o de ACM se enfrentaram internamente.

O episódio mais recente foi na escolha do candidato a vice-presidente na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB), vaga destinada ao PFL.

O grupo majoritário lançou o pernambucano José Jorge, enquanto ACM defendia o potiguar José Agripino Maia.

Após várias manobras – inclusive a marcação de cédulas da votação – o senador baiano se viu mais uma vez derrotado.

No início do primeiro governo Lula, quando o PFL se armava para despontar na oposição, ACM detinha o comando de 22, dos 65 deputados federais da legenda, e decidiu acatar pleitos do Palácio do Planalto.

Novamente se viu acuado pelo grupo de Bornhausen e Maciel, que na eleição do novo diretório nacional trataram de isolá-lo.

Parlamentares ligados a Maciel garantem que ele e ACM jamais se destrataram.

O mesmo não acontecia com Bornhausen, de temperamento mais agitado.

Nos momentos de maior tensão entre os grupos, Maciel era escolhido como interlocutor.

Ex-presidente do PFL no Estado, o deputado federal André de Paula admite que em alguns momentos a temperatura interna no PFL subiu, mas sem prejuízos maiores para a convivência. “Não existe político com senso tão aguçado, tão institucional, como o de Marco Maciel.

Com ele, é possível até dissentir, mas sempre preservar a unidade partidária”, afirma.