Como recordar é viver, trago aqui um trecho da entrevista concedida pelo então presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, 65 anos, à Folha de São Paulo, em novembro de 2006, no qual ele já demonstrava sua relação atribulada com a imprensa.
O presidente Lula (PT) tinha acabado de ser reeleito e os escândalos de petistas e aliados envolvidos em corrupção não paravam de pipocar.
O futuro assessor especial anunciava: “A mídia contra Lula perdeu eleição”.
Nove meses depois, Garcia - hoje assessor especial de Lula e candidato ao “troféu sem-noção” do ano - continua vendo a imprensa como inimiga.
Esta semana, começou justificando sua “reação privada” (o gesto do se fu…) querendo culpar quem?
A imprensa.
Afinal, foi a equipe de TV da Globo que captou as imagens de Garcia e do seu assessor de imprensa, Bruno Gaspar, no momento em que assistiam à notícia do Jornal Nacional de que o airbus da TAM do vôo 3054 tinha um defeito na turbina direita.
Tentando justificar o injustificável, Garcia disse: “Essas imagens que foram tomadas de forma clandestina, à revelia…de qualquer maneira os jornalistas estão no direito de tomá-las…".
A entrevista à Folha de SP: Por que o sr. briga tanto com a imprensa?
GARCIA - A imprensa é que tem brigado comigo.
Sempre que eu dou uma opinião que não corresponde à pergunta, que muitas vezes é uma tese, as pessoas caracterizam minha opinião como “visivelmente irritado”.
Mas quando o sr. disse “cuidem de suas redações que nós cuidamos do PT” (no auge do escândalo do mensalão), o sr. estava irritado?
GARCIA - Não me lembro estritamente do contexto, mas naquele momento havia uma cobrança sobre determinados aspectos da vida interna do PT, que eu achava que podiam se aplicar à vida interna das redações.
Foi um comentário lateral, que, se for o caso, eu retiro.
Agora, quem ficou muito irritada foi a imprensa quando eu disse que ela deveria fazer uma reflexão.
O que é “democratizar a mídia”?
O sr. pode traduzir?
GARCIA - É ter uma imprensa menos monocórdia.
Eu acho que alguns problemas vão se resolver da forma que a imprensa acha que se resolve, através do mercado.
Uma parte da imprensa hoje perdeu enormemente a credibilidade.
Ela se posicionou fortemente contra a candidatura Lula e foi derrotada nessa eleição.
Se você ouvir determinadas rádios, vê três ou quatro comentaristas que se seguem, batendo sempre na mesma tecla. É deixar para a mão invisível do mercado então?
GARCIA - Não é só isso.
A única mão invisível que funciona no Brasil é a do batedor de carteiras (risos).
Ps.: O comandante da Aeronáutica, Juniti Saito - principal interlocutor de Lula na administração da crise em Congonhas - e o vice-presidente José Alencar homenagearam, nessa sexta-feira (20), com a medalha do “Mérito Santos Dumont” o Diretor presidente da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Milton Zuanazzi, e a também diretora da entidade Denise Abreu.
Pior que a dupla Garcia-Gaspar teria sido o gesto da Aeronáutica?