Adversários ferrenhos da política baiana, ACM e Waldir Pires nunca se enfrentaram diretamente nas urnas.

No entanto, por uma dessas coincidências que o destino prega, hoje (20), no mesmo dia da morte do senador do DEM, o ministro da Defesa do Governo Lula parece que começa a se despedir do ministério.

Waldir sempre conta histórias de como Antonio Carlos podia ser implacável com seus inimigos na política.

Era o ano de 1987 e Pires governava a Bahia, após derrotar o grupo liderado por ACM nas eleições estaduais de 1986.

Devido ao ritmo da administração, Waldir ficava até tarde no Palácio de Ondina – sede do governo baiano.

No dia seguinte, terminava chegando chegando apenas no final da manhã para trabalhar.

Com uma bem azeitada rede de informação sobre os bastidores palacianos, ACM aproveitada e ia para o ataque, numa de suas emissoras de rádio: “Waldir, acorda, vai trabalhar.

O povo da Bahia quer que você trabalhe”.

O atual ministro da Defesa – que vem preservando o cargo apesar do “apagão aéreo” – não suportou a pressão carlista.

Em 1989, antes mesmo de o mandato acabar, arrumou um jeito de deixar o Governo da Bahia: foi ser candidato a vice-presidente da República na chapa de Ulysses Guimarães (PMDB).

Ulysses não ganhou, mas Waldir Pires pode dormir até tarde sem problemas.