Circula entre assessores e diretores da Chesf um texto redigido pelo diretor de Engenharia e Construção da estatal, José Aílton de Lima, com pesadas críticas ao presidente da companhia, Dílton da Conti.
Lima faz comentários sobre a condução que da Conti vem dando, dentro da Chesf, à análise do Plano Decenal de Expansão de Energia 2007-2016, proposto pelo Ministério das Minas e Energia.
O presidente da Chesf determinou que as sugestões sobre “sistemas de transmissão” fossem feitas pela Diretoria de Engenharia, enquanto que a avaliação sobre a “geração” ficou a cargo da Superintendência de Comercialização de Energia (SCE) - o que provocou a revolta de José Aílton de Lima. “Os sistemas de geração e transmissão são hoje fortemente integrados.
O planejamento das futuras expansões não poderia ser diferente, a não ser sob a ótica neoliberal que norteou o governo de FHC”, bate o diretor da companhia.
Segundo ele, o governo de Fernando Henrique Cardoso legou uma “herança maldita” à Chesf, a partir do momento em que o planejamento da expansão deixou de ser feito para a companhia como um todo e passou a ser pensado separando-se a geração da transmissão.
No seu entender, da Conti estaria trilhando este caminho. “Os que me conhecem sabem que tenho divergências conceituais e de atitudes com o Diretor Presidente”, prosegue José Aílton de Lima. “Algumas dessas diferenças têm sido tratadas no ambiente da Diretoria Plena.
Outras têm sido empurradas com a barriga e podem prejudicar o presente da Chesf assim como seu futuro”, aponta.
Ao que tudo indica, a diretoria da Chesf está hoje rachada ao meio.
De um lado, o presidente Dílton da Conti e o diretor de Finanças e de Administração, Marcos Cerqueira, que são indicações do PSB.
Do outro, o diretor de Engenharia, José Aílton de Lima, e o de Operações, Mozart Bandeira, ligados ao PT.
Lima e da Conti vivem às turras.
OMISSÃO No texto endereçado à diretoria da Chesf, José Aílton de Lima reclama da inação do presidente da companhia no sentido de planejar o futuro da estatal. “Passados quase cinco anos, a diretoria da Chesf não encarou de frente a questão do planejmanto da geração.
Nem tampouco a SCE conseguiu neste período de tempo apresentar qualquer produto corporativo relativo a este tema”, acusa.
E dispara: “Não podemos esquecer a origem da SCE, que partiu da visão privatista do setor elétrico patrocinada por FHC e por uma visão fortemente influenciada pelo desejo, à época, de tratar a energia elétrica como uma mercadoria qualquer, o que posteriormente veio a se mostrar um desastre de grandes proporções”.
Para José Aílton de Lima, a garantia de que a Chesf permanecerá forte e com papel decisivo para o desenvolvimento do Nordeste depende do fortalecimento do setor de geração e da integração entre todas as áreas.
Restar saber o que será ou já foi dito pelo presidente na sua resposta.