Âncora do Jornal da Globo, William Waack traz, em seu blog, uma análise sobre a dimensão das conseqüências internacionais para o Brasil com a tragédia do vôo 3054 da TAM, terça-feira (17), em São Paulo.
Veja abaixo: Duas organizações internacionais estão averiguando de perto a situação do setor aéreo civil brasileiro, e parecem dispostas a “rebaixar” o Brasil em seus rankings.
Uma é a International Federation of Air Traffic Controllers (Ifatca), com sede no Canadá e que está acompanhando o trabalho dos controladores brasileiros. “Eles acham um absurdo nossas condições de trabalho e o equipamento que somos obrigados a usar”, diz uma fonte entre os controladores de tráfego em Brasília, que pede para não ser identificada.
A Ifatca ameaça fazer uma recomendação de declarar o Brasil como “espaço aéreo perigoso” a uma outra organização que é fundamental para o tráfego aéreo internacional: a International Civil Aviation Organization, a ICAO, que estipula normas, procedimentos, códigos e áreas respeitadas internacionalmente.
O Brasil é membro da ICAO desde a sua fundação, logo depois da Segunda Guerra Mundial.
O âncora da Globo alerta que já é altíssimo o “custo” de imagem para o governo brasileiro – que gosta de afirmar que “nunca antes este país” foi tão ouvido e respeitado lá fora (uma bobagem arrasada seguidamente pelos fatos, aliás).
A imprensa internacional dedicou, claro, bastante espaço à tragédia.
Mas a “suite” do caso, conforme o jargão jornalístico que designa a cobertura que se segue ao fato inicial, tem sido dedicada à incapacidade das autoridades brasileiras de lidar com a crise aérea.
O QUE DIZ O: Financial Times - afirma que o desastre de Congonhas tornou mais agudas as “sérias questões” a respeito da capacidade administrativa das autoridades federais; New York Times - relata em detalhes o apagão aéreo sob o título “O Brasil exige uma solução para a crise”; Der Spiegel - declara que “o governo (brasileiro) mostrou-se incompetente” ao lidar com a mesma crise; El País - qualifica o desastre de Congonhas, ecoando boa parte da imprensa brasileira, de “tragédia anunciada”.
O Brasil entra para estatísticas muito negativas, em termos internacionais: só mesmo a Rússia, notória pela insegurança aérea, teve acidentes de proporções tão grandes em tão pouco espaço de tempo (cerca de 1 ano): 3 deles em 2006.
Em dez meses, o Brasil teve dois.
Nenhum país entre os considerados avançados, e com muito mais pousos e decolagens do que o Brasil, apresentou números desse tipo.