Por Inaldo Sampaio, no JC Muito se escreveu nos últimos cinco dias sobre a vaia monumental contra o presidente Lula, sexta-feira da semana passada, no Maracanã, por ocasião da abertura dos Jogos Pan-Americanos.
Para alguns articulistas da imprensa do sul, as vaias significaram uma desaprovação ao presidente da República, que tenta salvar a pele de Renan Calheiros e acha que Severino Cavalcanti foi vítima das “elites” ao renunciar à presidência da Câmara Federal, dois anos atrás, para não ser cassado.
Outros, mais simpáticos ao Palácio do Planalto, culparam o prefeito César Maia pelas vaias.
Foi o caso do governador Sérgio Cabral, para quem o presidente Lula teria sido vítima de uma “armadilha”.
Outros mais, como o governador do Paraná, Roberto Requião, que também é aliado do Palácio do Planalto, não foram atrás de culpados pelo xingamento à pessoa de Lula.
Considerou as vaias uma “tremanda falta de educação” do povo carioca, e ponto final.
O presidente da República, por sua vez, disse que ficou “triste” com as vaias, mas não engoliu a versão da “orquestração”. “É como se eu fosse convidado para o aniversário de um amigo meu, chegasse lá e encontrasse um grupo de pessoas que não queria a minha presença”, disse ele.
Como se vê, todos têm um pouco de razão.
Mas como ensinava Leonel Brizola, estádio de futebol não é ambiente para político, ainda mais no Rio de Janeiro.
Quem estava certo, pois, era o cronista Nélson Rodrigues, para quem no Maracanã lotado vaia-se até minuto de silêncio, quanto mais um presidente vivo.