Por Sheila Borges Da Editoria de Política do JC Independentemente das interpretações políticas, o prefeito do Recife, João Paulo (PT), decidiu delegar à secretária de Gestão Estratégica, Lygia Falcão, a coordenação-geral de acompanhamento das obras contempladas com os R$ 442,7 milhões do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) remetidos para o Recife pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O anúncio será feito hoje, na reunião do prefeito com os secretários municipais, no prédio-sede da PCR.
A escolha, segundo João Paulo, é natural porque Lygia já executa as ações estratégicas da administração.
Coincidência ou não, a secretária também é um dos nomes preferidos do prefeito para sucedê-lo no comando da prefeitura.
Nesse contexto, o desempenho da auxiliar com a coordenação do PAC será decisivo para determinar se terá ou não condições de disputar as eleições do próximo ano e dar continuidade à gestão de João Paulo.
Com a decisão do prefeito, o secretário de Planejamento Participativo, João da Costa, ficará monitorando estritamente os projetos do PAC inseridos em sua pasta.
Inicialmente seu nome foi ventilado para dividir a coordenação-geral com Lygia, mas o prefeito resolveu dar “gás total” à secretária de Gestão Estratégica.
Dessa forma, ela terá a oportunidade de fazer seu teste de popularidade, deixando os bastidores para ocupar lugar de destaque na vitrine.
E poderá ser “reconhecida” pela opinião pública, porque as obras do PAC envolvem um vultoso orçamento que vai mexer com áreas importantes para a cidade, como saneamento, infra-estrutura e habitação, o que contribuirá para a construção da marca do segundo governo do petista.
Se o prefeito conseguir mostrar trabalho e não houver problema na execução dos projetos, mesmo sabendo que não poderá concluir os mais estratégicos, como o Via Mangue, que melhorará o trânsito na Zona Sul, e o Prometrópole, que recuperará a bacia do Rio Beberibe, Lygia personificará a figura do “tocador” de obras.
Com isso, enfrentará as discussões internas do PT com vantagem em relação aos outros postulantes, como João da Costa e o deputado federal Maurício Rands.
A imagem do tocador de obras sempre sensibiliza a população, que identifica nesse técnico ou político a disposição de transformar a cidade.
Até porque o tocador é a própria personificação do trabalhador que busca soluções para os problemas do cotidiano.
Na última gestão de Jarbas Vasconcelos na Prefeitura do Recife (93/96), essa figura foi encarnada pelo ex-deputado estadual João Braga, que ficou conhecido como o “engenheiro das mil obras”.
Ele acelerou o ritmo das ações da prefeitura e se desincompatibilizou para disputar a eleição de 96.
Braga, no entanto, terminou não contando com o apoio de Jarbas, que apresentou como o seu candidato, para surpresa do próprio ex-auxiliar, o então deputado federal Roberto Magalhães.
Braga concorreu mas quem se elegeu foi Magalhães.