Da Editoria de Política do JC Apesar de integrar a base de sustentação do prefeito do Recife, João Paulo (PT), o deputado federal Sílvio Costa, presidente regional do PMN, não esconde de ninguém que quer lançar a candidatura do próprio filho, o deputado estadual Sílvio Costa Filho, à sucessão do petista.

Por discordar da tese defendida pelo prefeito, que trabalha pela manutenção dessa unidade em torno de uma candidatura única, Costa ficou contrariado com a escolha dos secretários de Planejamento Participativo, João Costa, e de Gestão Estratégica, Lygia Falcão, para coordenar as ações do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) no município.

Isso porque os dois são os nomes preferidos de João Paulo para disputar a eleição do próximo ano.

Os aliados sabem que essa função vai dar ainda mais visibilidade aos secretários durante esse período de pré-campanha.

Ao participar de um ato público do PTB em Olinda, no sábado (14), Sílvio Costa fez questão de externar seu descontentamento a todos os líderes políticos que estavam na festa de lançamento da pré-candidatura de Arlindo Siqueira à prefeitura do município. “Recife vive uma pré-campanha onde as forças (do governo), se quiserem continuar à frente, têm que fazer a união dos vizinhos”, falou, em cima do palanque, referindo-se à política da boa vizinhança.

Mesmo sem falar abertamente sobre a conotação política dessa indicação, Costa fez a crítica por reconhecer que esse trabalho vai favorecer a tese de João Paulo, que, dessa forma, reforça as imagens de João da Costa e Lygia.

Para o deputado, essa estratégia do prefeito reduz o “fôlego” dos partidos aliados.

Costa sabe que, para crescer, o PMN tem que disputar uma campanha majoritária, e na eleição do próximo ano, a Prefeitura do Recife é a principal vitrine.

O deputado federal Mauricio Rands (PT), nome que também é cotado para concorrer à sucessão de João Paulo, preferiu tomar o caminho da diplomacia para não se indispor com o prefeito, principal condutor do debate em torno da candidatura do partido. “Minha resistência é zero”, afirmou ao comentar as escolhas de João da Costa e Lygia.

Ele reconheceu que os dois secretários são “comprometidos” com a concepção estratégica da gestão petista, o que torna “natural” as indicações. “Não vai haver incômodo entre os aliados”, avaliou.

O Recife foi contemplado com R$ 442,7 milhões de recursos do PAC, o que vai ajudar João Paulo a consolidar sua marca como administrador.

A verba será utilizada para obras de habitação, urbanização e infra-estrutura.

Em uma campanha eleitoral, a imagem da gestão é peça-chave para que o prefeito possa eleger o seu sucessor.