Em mais uma manobra protelatória, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), articula para que membros da Mesa Diretora peçam vista (suspensão da votação) amanhã, do requerimento encaminhado pelo Conselho de Ética para que a Polícia Federal aprofunde perícia feita em documentos apresentados por ele em sua defesa.
Como o recesso parlamentar começa na quarta-feira, significaria que a PF só retomaria os trabalhos em agosto.
A manobra pode ser neutralizada se o vice-presidente Tião Viana (PT-AC), que conduzirá a reunião, conceder apenas algumas horas para a análise do material.
Aliados de Renan apostam na iniciativa de Magno Malta (PR-ES) para o pedido de vista e não descartam que ele receba apoio de outros membros da Mesa.
O senador nega que pretenda pedir tempo, mas diz que a Polícia Federal não pode fazer a perícia sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF).
Esse é um dos principais argumentos da defesa de Renan. “O conselho não tem atribuição constitucional para provocar a ação da Polícia Federal”, disse Eduardo Ferrão, advogado do presidente do Senado, que não pretende recorrer ao STF para impedir que a PF conclua a perícia, mas não descartou usar o artifício posteriormente para anular os trabalhos do conselho. “A gente só vai ao Supremo se houver atropelo ao processo legal e restrições ao direito de defesa”, disse.
Em representação enviada ao conselho na semana passada, Ferrão apontou supostos erros na tramitação do processo e restrições ao direito de defesa do presidente do Senado.
Ele e o senador José Nery (PSOL-PA), autor da representação contra Renan, poderão participar da reunião da Mesa, além do presidente do Conselho de Ética, senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO).