Num discurso articulado, os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, ambos filiados ao PT, descartaram ontem o vínculo entre as fraudes em licitações na Petrobras, descobertas pela Operação Águas Profundas da Polícia Federal, e o financiamento de campanhas eleitorais.
Para Tarso, as doações de campanha feitas ao PT por empresas envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras não comprometem o partido. “Essas contribuições que as empresas fazem, sejam ou não investigadas, são contribuições legais”, disse ele. “As empresas não doaram somente para o PT, mas para outros partidos também”, argumentou Dilma.
Tarso culpou a “situação legal” do sistema eleitoral brasileiro por casos como esse.
As empresas envolvidas com fraudes em licitações para manutenção de plataformas da Petrobras doaram, no total, R$ 1,8 milhão para candidatos petistas.
O ministro aproveitou para voltar a defender a reforma política – parada no Congresso – como forma de controlar as doações de campanha. “O que temos de fazer é reformar a legislação, fazer uma reforma política no País para que tenhamos um controle de campanhas no extremo rigor.” Tarso analisou as investigações sobre o caso da Petrobras, classificando o comportamento da empresa como “exemplo de como uma estatal deve se comportar”, contribuindo para as investigações.
Indagado se mais esse caso descoberto pela PF era um indício de que a corrupção se alastrou pelo País, o ministro respondeu que ela existe no Brasil “há mais de 500 anos” e agora está sendo investigada como nunca. “O que está ocorrendo é uma limpeza do Estado brasileiro”, disse.
A mesma tese foi defendida por Dilma.
Em entrevista, após participar de solenidade do lançamento da mistura de 5% de biocombustível no óleo diesel (B5), que será usada nos ônibus que transportarão atletas durante os Jogos Pan-Americanos, a ministra afirmou que a descoberta de indícios de corrupção na Petrobras pela PF demonstra “um aperfeiçoamento” do sistema. “Isso deixa claro para a sociedade que não há mais impunidade.
Acho que no Brasil vivemos em uma época diferente hoje.
Uma época em que as coisas que estavam debaixo do tapete estão sendo colocadas a público.” Ao ser indagada sobre a denúncia do TCU a respeito de superfaturamento nas plataformas P-51 e P-52, a ministra ponderou que “é preciso muito cuidado com essas declarações”.
Destacando o papel do TCU “no fortalecimento institucional”, declarou que, quando uma avaliação desse tipo é identificada, a Petrobras tem de responder a processo.
Ela ponderou também que houve um aumento nos custos do setor de petróleo durante o período de construção das duas plataformas e essa “pressão altista” tem de ser considerada nas avaliações.