Os professores da Rede Estadual e a entidade que os representa, o Sintepe, parecem não se entender.
Desde a assembléia do último dia 3, quando o sindicato resolveu propor o fim da greve, os docentes não só repudiaram a tentativa como foram ao microfone se pronunciar contra a entidade e vaiaram os líderes.
Na assembléia desta sexta (13), pela manhã, no Teatro do Parque, o clima se repetiu.
A diretoria do Sintepe, que reuniu-se com o governo das 21h30 de ontem (quinta) à 1h30 de hoje, anunciou as propostas, que não foram aceitas pela maioria.
Um dos primeiros professores a falar, posicionou-se contra o fim da greve e citou uma passagem bíblica. “Bem-aventurados os que têm sede de justiça, pois herdarão o reino dos céus”, disse, sob aplausos, justificando que “virou moda” citar versículos na reunião.
A professora que falou em seguida (que, segundo os presentes, também tinha citado um versículo na última assembléia, realizada dia 11), já começou o discurso defendendo-se.
Ela pediu para que as pessoas seguissem exemplos de líderes como Jesus Cristo, Martin Luther King e Gandhi.
Mesmo não convencendo os presentes, insistiu em pedir respeito. “Sejam agradáveis as palavras da sua boca”, citou, sob vaias e xingações.
O clima esquentou ainda mais no decorrer da reunião.
Quando um representante do Sintepe falava, com o intuito de propor o fim da paralisação, os docentes vaiavam.
Quando era alguém com opinião contrária à dos líderes, aplaudiam.
Por vários momentos, os integrantes da mesa tiveram que interromper a assembléia, para pedir disciplina. “Educadoras e educadores, essa assembléia é um espaço democrático que tem que ser respeitado”, disse o presidente do sindicato, Heleno Araújo.
Ao final, a categoria resolveu manter o movimento e seguir em passeata até o Palácio do Campo das Princesas.
De acordo com o Sintepe, as propostas apresentadas pelo governo na noite de ontem não contemplaram reajuste salarial e tiveram poucas alterações em relação às expostas há duas semanas.
Uma das principais reivindicações dos professores é o aumento salarial de 16% e a equiparação do salário-base ao salário mínimo (R$ 380).