Em comentário semanal, na BandNews FM, o cientista político Antonio Lavareda analisara em conjunto com Ricardo Boechat aspecto interessante da última pesquisa do Ibope que aponta as mulheres muito mais críticas do que os homens em relação ao Governo Federal e o próprio presidente Lula. É o chamado “geep de gênero”, que, apesar da diferença expressiva, é pouco comentado.

De acordo com Antonio Lavareda, essa diferença de opiniões sobre Lula e seu Governo, entre mulheres e homens, já havia se revelado, quando da última eleição. " No segundo turno, houve diferença no voto feminino em relação ao voto masculino, de cerca de 5 pontos.

Ou seja, percentualmente, mais homens votaram no Lula, no segundo turno, do que as mulheres, que nele votaram.

Agora, o que chama a atenção nessa pesquisa e não foi enfatizado pelos meios de comunicação, é que essa diferença, que no inglês se chama “geep”, esse intervalo tem se acentuado e tem se aprofundado nos últimos meses.

E, nessa última pesquisa, apresentada pelo Ibope, corrobora também o que foi constatado pela pesquisa do CNT/ Sensus", explica Lavareda.

Esse intervalo atinge, segundo ele, um patamar bastante elevado.

Para se ter uma idéia, na avaliação do Governo 54% dos homens dizem que ele é ótimo ou bom, ao passo de que entre as mulheres apenas 46% esse intervalo já avançou para oito pontos.

E quando se analisa a confiança do presidente Lula, o saldo líquido, a diferença dos que confiam no Presidente Lula, essa diferença entre os homens é de 36 pontos, 66 a 30, dando um saldo de 36.

Entre as mulheres, essa diferença cai para a metade. 57% das mulheres dizem que confiam, ou seja, menos 7 pontos, em relação aos homens, e 39 (quer dizer 9 pontos em relação aos homens) dizem que não confiam, uma diferença de 18 pontos.

Isso também acompanha o desenho de distribuição de opiniões registradas na pesquisa CNT/ Sensus, num período anterior.

Boechat questionou o quadro e brincou com o poder das mulheres : “Na pesquisa Ibope, os homens, 71% aprovam o desempenho do presidente Lula e as mulheres são 60%.

Em relação ao Governo, a aprovação é de 54% dos homens e 46% das mulheres.

Lavareda, eu queria dirigir essa pergunta para elas não brigarem conosco, a uma mulher.

Mas, vou dirigir a você, porque você é o analista de pesquisas da BandNews.

Por quê as mulheres gostam menos e aprovam menos o Governo Lula?

E, segundo, esse é um fenômeno que já se verificou em outros Governos?

Pode-se dizer que sempre, historicamente, as mulheres são mais criticas, mais céticas do que os homens?

Perguntou o jornalista.

Segundo Lavareda, é óbvio que os analistas doravante, provavelmente, vão avançar na explicação e resposta dessa questão.

Ou seja, a explicação desse comportamento, dessas atitudes diferenciadas das mulheres em relação aos homens, no que concerne ao Governo Lula.

Isso vai precisar ser mais explorado e através de outras pesquisas, com certeza.

No momento, e com base apenas nesse estudo, o que se revela, as pistas que aparecem são as seguintes: em algumas questões específicas, no caso essa pesquisa de avaliação da atuação do governo, no que diz respeito ao desemprego, a saúde e educação, na taxa de juros e na inflação, as mulheres são muito mais críticas do que os homens. “Só para se ter uma idéia e para a gente não ficar trabalhando com muitos números, no que concerne à avaliação do Governo e a taxa de juros, que, para as mulheres, o grosso é o crediário, elas estão habituadas a isso, em relação aos homens.

Entre os homens, a desaprovação é de 48% e a aprovação é e 45%.

Entre as mulheres, a desaprovação é de 54 pontos e a aprovação é apenas de 30%.

Ou seja, uma diferença de 24 pontos, um saldo negativo de 24 pontos e uma diferença de 21 pontos no saldo de mulheres em relação a homens.

Mas, isso são apenas algumas pistas, como eu descrevi, que precisam ser melhor estudadas, e, com certeza, será melhor avaliada pelos analistas”, analisa o cientista político.

No que diz respeito a segunda questão, em outros contextos, como o primeiro governo FHC, essa diferença não era nítida, não havia o que se pudesse chamar de “geep de gênero”.

Neste caso, Lavareda lembra que em outros países, em alguns momentos, como nos Estados Unidos, nos últimos vinte anos, há o que eles chamam de “geep de gênero”.

Por exemplo, o presidente Bush é muito mais severamente avaliado pelas mulheres do que pelos homens.

Já com o presidente Clinton, foi o contrário, ele era melhor avaliado pelas mulheres do que pelos homens.

E isso é ligado a questões específicas da agenda pública norte-americana.