Um dia depois de o Banco Mundial (Bird) ter divulgado, em relatório mundial, que o Brasil apresentou o seu pior controle de corrupção dos últimos dez anos, medindo o desempenho governamental de 212 países, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff disse nesta quinta-feira, no Recife, que discorda da avaliação. “Não acredito.

Não concordo que o Brasil é um mar de lama.

Temos auditorias e fiscalizações que permitem que se descubram os problemas”, afirmou, defendendo o governo Lula.

Segundo a ministra, o Brasil passa por uma evolução natural. “Nós vivemos um momento especial. É importante a maturidade institucional que conquistamos, faz parte do amadurecimento democrático.

Há um aperfeiçoamento e o combate à corrupção é uma busca permanente.

Não se pode descansar”, frisou.

Em uma escala que vai de 0 a 100, o país, que já alcançou um índice de 59,7% em 2000, caiu para 47,1 em 2006.

O índice de corrupção “mede a extensão em que o poder público é usado para ganhos privados, incluindo pequenas e grandes formas de corrupção, assim como o \seqüestro\ do estado pelas elites e pelos interesses privados”.

O estudo, elaborado pelos pesquisadores do Banco Mundial, se baseia em pesquisas sobre a importância da governabilidade e seu impacto no desenvolvimento do país nos últimos dez anos.

Segundo o relatório, um bom governo é fundamental para outros resultados positivos, como um maior índice de desenvolvimento humano e a redução da mortalidade infantil, do analfabetismo e da desigualdade social. “A carga de corrupção recai desproporcionalmente sobre milhões de pessoas que vivem na extrema pobreza”, declarou Daniel Kaufmann, co-autor do relatório e diretor dos Programas Mundiais do Instituto do Bird.

Eficácia do governo Além de controle de corrupção, o Brasil também piorou nos últimos anos nos índices que avaliam a eficiência do governo, a qualidade dos marcos regulatórios e a força da lei.

Esta última avalia o grau de confiabilidade da polícia e dos tribunais, assim como a probabilidade de cometerem delitos e atos de violência.

Neste caso, o indicador brasileiro caiu de 50, em 1996, para 41,4, em 2006 – o pior índice da história.

O indicador que avalia a eficiência do governo – a qualidade dos serviços públicos, a independência do governo e a implementação de políticas – mostra que o Brasil vem caindo desde 2003.

O índice passou de 60,7, naquele ano, para 52,1, em 2006.

Avanços no mundo Vários países – entre eles os africanos -, apresentaram avanços para melhorar a governabilidade e a luta contra a corrupção.

Argélia, Angola, Líbia, Ruanda e Serra Leoa estão entre os países que encontraram maior estabilidade política, embora outros países africanos ainda enfrentem enormes desafios em termos de governabilidade e desenvolvimento. “É alentador observar que um número considerável de países, entre eles os da África, estão demonstrando que é possível realizar grandes progressos em matéria de governabilidade em um período de tempo relativamente breve.

As melhoras nesta esfera são fundamentais para conseguir que a ajuda seja eficaz e para alcançar um crescimento sustentável a longo prazo”, disse Daniel Kaufmann.

Economias emergentes de nações em desenvolvimento como Chile, Uruguai e Costa Rica receberam nas principais dimensões de governabilidade uma pontuação mais alta do que países industrializados como Grécia e Itália.

Enquanto isso, em países como Venezuela e Zimbábue, a situação da governabilidade piorou na última década.