Crescimento da demanda interna não impulsiona a produção industrial Da CNI Os produtos importados estão atendendo o crescimento da demanda interna registrado tanto em 2006 quanto neste ano, em detrimento da produção nacional, conclui estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado hoje.

No ano passado, a demanda interna expandiu-se 5,1%, enquanto a produção da indústria de transformação cresceu 1,6%.

Nos primeiros três meses de 2007, a demanda interna evoluiu 5,8% em relação ao mesmo período do ano passado, e o crescimento da indústria, na mesma base comparativa, foi de 2,8%.

Tanto em 2006 quanto neste ano, o volume importado de bens e serviços cresceu a um ritmo três vezes maior do que o da demanda interna.

Os dados vão na direção oposta às características históricas do crescimento do pais.

A indústria de transformação, historicamente, lidera o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas produzidas no país) em períodos de expansão significativa da demanda interna.

Segundo o estudo da CNI, em cinco ocasiões nos últimos 15 anos (1993, 1994, 2000, 2004 e 2006) a demanda interna aumentou mais do que 4%.

Nesses períodos, a indústria de transformação sempre cresceu tanto ou mais do que a demanda interna.

A exceção foi 2006.

O principal motivo disso é o real valorizado.

De acordo com o estudo, a taxa de câmbio “apresenta-se atualmente como uma das grandes fontes de perda de competitividade dos produtos fabricados no Brasil” e não há perspectiva de que a valorização do real, que encareceu os produtos brasileiros em relação aos importados, se reverta. “Nesse contexto”, diz o estudo, “torna-se imprescindível que se promova a redução dos custos de produção no Brasil, como forma de contrabalançar a perda de competitividade provocada pela taxa de câmbio”.

O texto sugere que o país precisa “insistir” em reformas que levem à expansão do investimento, à redução dos impostos sobre a produção e sobre a folha de pagamentos e também à melhora do ambiente de negócios, com ênfase na redução da burocracia.

O estudo mostra ainda que a indústria de transformação brasileira pode ser dividida hoje em três grupos: o dos setores que combinam forte aumento das importações com queda da produção industrial; o dos que têm baixo crescimento da produção industrial e enfrentam importações que crescem pelo menos cinco vezes mais; e o dos que têm crescimento significativo tanto da produção quanto das importações, demonstrando uma certa complementaridade.

Fazem parte do primeiro grupo os setores de calçados, madeira, celulose e papel, por exemplo.

No segundo bloco estão os setores de têxteis, químicos, vestuário e minerais não-metálicos, entre outros.

No último, figuram os setores de maior crescimento, como veículos automotores, móveis, máquinas, aparelhos e materiais elétricos, alimentos e bebidas e metalurgia básica.