Os 1.800 participantes da III Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional aprovaram na última sexta-feira (6) o documento final com as propostas para a promoção do direito à alimentação adequada.

Considerado um dos pontos mais polêmicos, a proposta de interrupção imediata das obras do chamado Programa de Revitalização do São Francisco foi uma das últimas a ser votada e foi aprovada por maioria expressiva dos delegados. “A decisão da Conferência reflete principalmente o que a sociedade brasileira e os movimentos sociais avaliam diante do atual projeto de transposição do São Francisco: ele é apressado, é mais dirigido ao agronegócio, não busca ao desenvolvimento sustentável do semi-árido”, afirmou Naidison Baptista, do Consea nacional.

Para o conselheiro Adriano Martins, a decisão revela o desejo da sociedade de que seja adotado um projeto que se destine a melhorar a situação daqueles que sofrem mais com a falta de água. “A afirmação da água como direito fundamental, como um bem comum é fundamental para se pensar a segurança alimentar e nutricional”, defendeu. “Olhando o projeto atentamente percebemos que apenas 4% da água que seria retirada do rio chegaria a esses que passam sede”.

A maior parte da água no projeto atual, segundo Martins, destina-se a atividades, como a produção agrícola de exportação, a criação de camarão e empreendimentos industriais.

Martins defende que existem alternativas ao projeto cujas obras tiveram início no mês passado, como as ações desenvolvidas pela Articulação do Semi-Árido (ASA), que atende a população que vive em locais distantes na região, e as propostas pelo Atlas do Nordeste, da Agência Nacional de Águas (ANA). “A proposta do Atlas do Nordeste garantiria água a 34 milhões de pessoas no semi-árido a um custo muito menor”, informou.