Caderno de Cidades do JC Um dia depois de ameaçar cortar o ponto e descontar os dias parados, o governador Eduardo Campos perdeu a paciência com os professores estaduais, em greve há 25 dias.
Ontem à tarde, em evento no Consulado dos Estados Unidos no Recife, na Boa Vista, disse que o momento de dialogar já passou. “Tudo tem limite.
Não é hora mais de falar, mas de agir”, disparou, sem detalhar que medidas tomará para endurecer contra os grevistas. “Precisamos ver que há outros direitos além do de greve.
Direito à educação, por exemplo. É preciso respeitar os alunos.
Sabemos o que a população quer: aula.” Segundo Campos, o governo ofereceu o que era possível em termos de diálogo. “Respeitamos todos os princípios.
Sempre quisemos conversar.
Mas, dois dias após a mesa de negociações, os professores entraram em greve”, reclamou.
O governador ressaltou não ser contra as reivindicações em relação ao Plano de Cargos e Carreiras e aproveitou para atacar a administração passada. “A revisão do plano foi prevista por Arraes.
Mas o governo anterior ao nosso passou sete anos e meio sem implementá-lo.
Estamos comprometidos em implantá-lo no momento certo.” Além do plano, Campos elencou ações do atual governo no setor. “Lançamos o programa de correção de fluxo, abrimos licitação de kits de material e fardamento e investimos na recuperação de 72 escolas, além de comprarmos 40 mil bancas escolares.” A reação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) teve a mesma intensidade. “O governador deveria medir suas palavras.
Mas concordo com ele. É hora de parar de falar e agir, só que atendendo à nossa categoria.
O resultado do massacre de professores desmotivados, que ganham o pior salário do Brasil, ele vai ver quando sair o Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) em 2008”, disse o presidente da entidade, Heleno Araújo.
Na tentativa de reabrir o canal de negociação, o Sintepe pediu a intervenção de deputados estaduais, como Teresa Leitão, Isabel Cristina (ambas do PT) e Sílvio Costa Filho (PMN). “Vamos ver se nossa movimentação junto ao governo leva a isso.
Nunca acabamos greve com queda-de-braço e esperamos obter proposta que atenda às partes”, disse Teresa Leitão, sem especificar quando os apaziguadores entram em ação.
Presidente da Associação de Pais de Alunos do Estado, Manoel Santos se preocupa com o impasse. “Na campanha, Campos disse estar sensibilizado com a questão do professor.
A família apóia os trabalhadores, mas é contra greve.
Se o governador continuar radical, comprometerá o ano letivo de 980 mil estudantes.”