Letícia Lins e Adilson Fonsêca De O Globo A Polícia Federal informou que vai requisitar o apoio de policiais militares de Pernambuco para desocupar a área do canteiro de obras do canal da transposição do Rio São Francisco, em Cabrobó.
Ontem, um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal fez dois vôos rasantes sobre o local onde estão os índios e os sem-terra, filmando toda a área.
O sobrevôo fez aumentar a tensão e o temor de uma investida dos policiais federais, o que não ocorreu.
Uma equipe de negociadores foi para Recife articular a saída pacífica dos manifestantes, que desde a última terça-feira estão num acampamento montado no lugar onde será construído o canal.
Os agentes têm ordem de esgotar até o último instante as negociações com os manifestantes.
Mas a Polícia Federal não descarta o uso de soldados do Exército na desocupação.
Governadores temem que protesto atrase as obras A reintegração de posse do foi determinada pelo juiz da 20ªVara da Justiça Federal de Salgueiro (PE), Giorgius Argentini Felipi Credídio, na última sexta-feira, que atendeu a pedido da Advocacia Geral da União.
Mas a retirada dos índios, com uso da força da PF, não tem uma data determinada, podendo acontecer ainda hoje.
Os índios trukás moram na Ilha de Assunção, a cem metros das obras.
Ontem, os governadores de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba se reuniram em Recife para anunciar uma campanha de conscientização sobre a importância da obra para a Nordeste.
Eles temem que a mobilização atrapalhe o andamento das obras.
No próximo dia 9, serão instalados os comitês pró-transposição, um em cada estado.
Em agosto, estão previstos atos públicos nas cidades que mais precisam da obra.
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) escolheu Cabrobó para um ato público em defesa da obra.
Os manifestantes permanecem na fazenda Mãe Rosa, cujas terras têm a propriedade invocada pelos trukás.
O projeto da transposição está orçado em R$6 bilhões, R$5 bilhões já garantidos pelo presidente Lula no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). - Vamos fazer uma mobilização simultânea - afirmou Campos, ao lado de Vilma de Faria (PSB), do Rio Grande do Norte; Cid Gomes (PPS), do Ceará; e Cássio Cunha Lima (PSDB), da Paraíba.
Haverá atos em Campina Grande (PB), Mossoró (RN) e Brejo Santo (CE).