A Polícia Militar de Pernambuco fechou no fim da tarde desta terça-feira a estrada de acesso ao acampamento montado para protestar contra a transposição das águas do Rio São Francisco, na Fazenda Mãe Rosa, em Cabrobó, Sertão de Pernambuco.
A área foi cercada porque a Polícia Federal pretende fazer a reintegração de posse da área amanhã e também para evitar a chegada de novos acampados e a presença da imprensa, segundo informou a Polícia Federal.
Estava prevista para hoje, por exemplo, a chegada de uma caravana com cerca de 100 pessoas do Ceará e, até o fim da semana, deveriam chegar a Cabrobó mais manifestantes de outros estados.
A informação foi transmitida em tom de urgência pela assessoria do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), uma das organizações presentes no acampamento.
Segundo os assessores, o ato policial sinaliza a iminência da ação de reintegração de posse da área, determinada na semana passada pela Justiça Federal.
Até o início da noite, porém, os acampados não tinham recebido a notificação oficial do despejo.
Eles também lembraram que, no despacho em que ordenou a reintegração, o juiz determinou que ela seja conduzida pela Polícia Federal e acompanhada pela Funai por causa da presença de índios no local.
O acampamento foi montado na madrugada do dia 26 por manifestantes ligados às organizações e movimentos sociais.
Ontem reunia cerca de 700 pessoas, segundo a coordenação do protesto.
Os acampados pretendem permanecer no local por tempo indeterminado até que o governo arquive definitivamente o projeto de transposição do Rio São Francisco, de acordo com os coordenadores.
A maioria dos manifestantes que continuam acampados em Cabrobó (PE) como forma de protesto contra a transposição do Rio São Francisco é formada por índios da tribo Truká, que reivindicam a área como terra indígena.
De acordo com a assessoria de imprensa do movimento, atualmente há cerca de 700 pessoas no local, o que representa menos da metade do total de manifestantes que o movimento já reuniu.
No começo da tarde, o grupo garantia que ainda não recebeu notificação sobre a a ação de reintegração de posse ordenada pelo juiz federal Georgius Luís Argentini Principe Credidio, da 20ª Vara Federal de Salgueiro (PE), na última sexta-feira (29).
Segundo eles, também não há policiais no local buscando diálogo com o grupo, conforme informou a assessoria de imprensa da Superintendência Regional da Polícia Federal de Pernambuco.
Segundo Derli Casali, do Movimento dos Pequenos Agricultores, a idéia do grupo era chegar a um entendimento por meio do diálogo, tentando convencer o governo de que o projeto de integração proposto não atende aos interesses do povo nordestino. “Se essa mediação não for aceita, a nossa idéia é sair, nós não vamos para o confronto, mas nós vamos acampar e continuar a luta próximo dali.
O acampamento não vai parar, não”, afirma.