Por Angela Fernanda Belfort Do Jornal do Commercio Índios das 25 aldeias da Ilha de Assunção, em Cabrobó, fizeram, neste sábado (30) pela manhã, um protesto contra a impunidade do assassinato de dois indígenas, que ocorreu há dois anos.
Eles também protestaram contra o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco.
A manifestação também contou com a presença de muitas pessoas que se encontram acampadas na Fazenda Mãe Rosa, onde as obras da transposição foram iniciadas pelo Exército.
Na fazenda, estão acampados, desde a última terça-feira, cerca de 1,5 mil pessoas, que também querem que o governo federal suspenda as obras da transposição.
Com a invasão, o Exército suspendeu as obras e a Justiça já determinou uma reintegração de posse da fazenda, onde vai começar uma das adutoras do projeto, o Eixo Norte, que sai de Cabrobó e vai até o Ceará. “A nossa intenção é continuar lutando pela Fazenda Mãe Rosa, porque entendemos que essa terra é dos índios”, disse o cacique da tribo Truká, Aurivan dos Santos Barros, conhecido como cacique Neguinho.
Ele informou também que vai cumprir a determinação da Justiça Federal, mas vai continuar lutando pela posse da fazenda na Justiça.
Neste sábado pela manhã, o clima foi tranqüilo no acampamento da Fazenda Mãe Rosa.
A coordenação do movimento informou que o trator vai continuar arando a terra para os índios iniciarem os seus plantios no local.
Oficialmente, os coordenadores do movimento não receberam a notificação da Justiça Federal.
A reintegração de posse do terreno será feita com integrantes da Polícia Federal e também deverá ser acompanhada por integrantes da Fundação Nacional do Índio (Funai), segundo determinou a Justiça.
Além da construção do Eixo Norte, a transposição prevê a construção de outra grande adutora, o Eixo Leste, que vai sair de Floresta e vai até um pouco depois da cidade de Monteiro, na Paraíba.
O projeto inteiro custará cerca de R$ 6 bilhões e será bancado pelo governo federal.
PROTESTO Os índios que foram assassinados há dois anos foram Adenilson Vieira dos Santos, irmão de Neguinho que era capitão da tribo Truká, e o seu filho, Jorge Vieira Ferreira, que na época tinha 17 anos.
O capitão é uma espécie de líder da tribo.
Segundo Neguinho, a tribo estava comemorando a construção da estrada de asfalto na Ilha de Assunção, quando quatro policiais militares chegaram à paisana e assassinaram os dois índios.
O cacique informou também que os mesmos policiais continuam trabalhando em Cabrobó. “Queremos o fim da impunidade”, comentou.