Por Edílson Silva Nas últimas semanas o PSOL, Partido Socialismo e Liberdade, ingressou com representações no Conselho de Ética do Senado Federal contra os senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Joaquim Roriz (PMDB-DF).

Renan Calheiros foi pego pagando contas particulares através de uma empreiteira, e para justificar os rendimentos muito acima dos percebidos como senador, acabou se enrolando ainda mais, pois apresentou documentação de transação de gado extremamente frágil ao Conselho de Ética.

Joaquim Roriz foi flagrado numa conversa telefônica, a partir de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal, fazendo a partilha de mais de R$ 2 milhões, numa triangulação que envolve um empresário do setor aéreo e pelo menos um ex-dirigente de empresa pública.

Enquanto atua com força no Senado da República, o PSOL participa com igual protagonismo na CPI do “Apagão Aéreo”, que investiga a crise no controle do tráfego aéreo brasileiro.

A deputada Luciana Genro (PSOL-RS) é titular da CPI e conquistou, por sua coerência e coragem, a confiança dos sargentos controladores, sendo uma das mais atuantes no sentido de exigir a apuração não só do acidente com a aeronave da GOL, em outubro de 2006, mas sobretudo a situação geral da infra-estrutura aeroportuária brasileira, não permitindo que mais esta CPI termine em pizza.

Em meio ao imbróglio no Senado e à crise nos aeroportos, a Câmara Federal debatia e definia os rumos da reforma política.

Neste flanco também estava o PSOL, tendo a frente o líder da bancada, deputado Chico Alencar (PSOL-RJ), defendendo uma verdadeira reforma, com financiamento exclusivamente público de campanha e criminalização dos financiamentos privados, fim do foro privilegiado, revogabilidade de mandatos através de iniciativa popular, plebiscitos e referendos acessíveis à sociedade.

Consciente de que a sua atuação exclusivamente institucional é insuficiente para fazer valer os interesses populares no parlamento, o PSOL lançou esta semana a campanha de rua “Abaixo a corrupção!

Fora Renan!”, em que serão coletadas assinaturas exigindo a cassação do Presidente do Senado, além da divulgação de cartazes e panfletos.

A campanha do PSOL busca “descer” para a sociedade, principalmente nas maiores capitais do país, o debate e a organização da sociedade civil contra a corrupção e pela ética na política, envolvendo movimentos sociais e demais entidades comprometidas com a verdadeira democracia.

O objetivo é construir uma pressão popular que possa interferir positivamente nas decisões do Congresso Nacional.

Diante da atuação do PSOL na luta política nacional nas últimas semanas, só para citar as últimas semanas, somos levados a refletir sobre a cláusula de barreira que os “grandes partidos” tentam impor à sociedade brasileira, buscando sufocar o funcionamento dos partidos com número reduzido de assentos na Câmara Federal.

Os parlamentares dos “grandes partidos” não se dignaram a exigir apuração dos fortes indícios de quebra de decoro parlamentar dos seus pares.

Coube ao PSOL, com um único senador, José Nery (PA), enfrentar o Presidente do Congresso Nacional e colocá-lo no banco dos réus do Conselho de Ética.

O PSOL possui um senador e três deputados. É uma das menores bancadas do Congresso Nacional.

Mas a força e a importância do PSOL não estão no tamanho de sua bancada, e sim nas suas idéias e na coragem de defendê-las.

Está no espírito incansável de luta dos seus parlamentares, que se desdobram em dezenas para não deixar passar nada que lese os interesses do povo sem a marcação de sua posição e sem o combate mais implacável.

Estes episódios demonstram que o tamanho de um partido não se mede pelo tamanho de sua bancada, e que, portanto, propostas como cláusula de barreira pretendem na verdade diminuir os espaços dos partidos que não tem telhado de vidro e que se colocam intransigentemente ao lado da maioria da população.

PS: Edilson Silva é presidente do PSOL/PE, foi candidato ao governo do Estado em 2006 e escreve às sextas-feiras para o Blog do Jamildo