Considerado o homem forte do Ministério da Integração Nacional, o engenheiro Rômulo Macedo é o coordenador-geral do projeto da transposição do Rio São Francisco e se diz profundo conhecedor das obras de transposição pelo mundo.

A TARDE - A ocupação do canteiro do canal do Eixo Norte da transposição não é um claro manifesto de que alguma coisa não está bem explicada?

RÔMULO MACEDO - O projeto foi exaustivamente discutido com todos os segmentos interessados.

A manifestação é uma ação dos que ainda não conhecem direito os objetivos da obra, que é o de levar água para o interior do Nordeste Setentrional, onde as pessoas passam sede.

AT - Isso pode significar o adiamento do projeto, interferindo no cronograma e até mesmo no interesse de empresas em participar da obra?

RM - A obra vai ser tocada normalmente.

Estamos entrando com ação de reintegração e ela vai sair da beira do rio e avançar tal como está no projeto.

AT - Como será o comportamento do governo federal de agora em diante.

Há riscos de novas manifestações em outros locais?

RM - A ocupação em Cabrobó não nos afeta diretamente, pois, enquanto eles (os sem-terra e os índios) estão lá, poderemos perfeitamente atacar a obra em outras frentes de trabalho.

Afinal, somente no Eixo Norte são 400 quilômetros, e eles estão em apenas menos de dois.

AT - E a presença do Exército (Batalhão de Engenharia de Construção) na região, com reforço militar da Infantaria.

Há riscos de intervenção?

RM - Estamos agindo dentro da mais completa legalidade, com ações na Justiça para reintegração da área, e assim iremos fazer, como, aliás, vimos fazendo durante todo esse tempo.

AT - O que mudou na concepção dos movimentos sociais nos últimos tempos.

O governo estava certo de que estava tudo sob controle…

RM - Não está havendo problemas.

O que eles (os manifestantes) estão fazendo é uma coisa pequena, sem maiores conseqüências.

Vamos continuar trabalhando normalmente e não há a menor perspectiva de adiamento ou cancelamento da obra.