Por Sérgio Montenegro Filho Da coluna Pólis Terra de Ninguém Tinha prometido não comentar mais nada sobre o “Renangate” até que houvesse um fato realmente importante no processo.
Quiçá uma condenação ou - muito mais provavelmente - uma absolvição do presidente do Senado das acusações de quebra de decoro parlamentar.
Mas não resisti em retomar o assunto depois da leitura dos jornais do fim de semana.
Eles sugerem, numa tradução mais apimentada, que o Brasil pode muito bem mudar de nome.
Pelo volume de articulações políticas imorais, de vantagens ilícitas e protecionismos auferidos a pequenos grupos e de desmandos administrativos que tem se visto nos últimos tempos, títulos como “terra do nunca” ou “terra da fantasia” estariam bem mais adequados ao País.
Melhor ainda, talvez, seria rebatizar a antiga Ilha de Vera Cruz como “terra de ninguém”, ou “de poucos”.
A indignação tem razão de ser.
Ou não?
Vamos lá: faltam três semanas para começar o período de recesso parlamentar.
São as primeiras férias dos congressistas no ano.
As próximas acontecem entre dezembro e janeiro, e bem remuneradas, é bom que se diga.
A liderança do PMDB no Senado teve uma idéia: pretende empurrar com a barriga a votação do processo contra Renan Calheiros no Conselho de Ética da Casa pelo maior tempo que puder.
A intenção dos aliados do presidente do Senado é que com o recesso de um mês, o caso esfrie e saia da mídia.
Aliás, segundo eles, a imprensa tem “massacrado” Renan.
Talvez por lembrar que ele é acusado de deixar que empreiteiros pagassem a pensão de uma filha fora do casamento.
Ou, quem sabe, por divulgar que ele garantia algumas regalias a mais a lobistas amigos seus.
Ou ainda, porque ele poderia ter alterado documentos para tentar comprovar que pagava a pensão com dinheiro seu, obtido com a venda de gado.
O fato é que um dos principais aliados de Renan Calheiros, o vice-líder do PMDB no Senado, Wellington Salgado (MG) - guardem esse nome - vai apresentar um requerimento à Casa contestando todos os pontos dos procedimentos adotados até agora no processo disciplinar contra o correligionário.
A justificativa dele é que o alvo das investigações estaria sendo “desvirtuado”.
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