Pernambuco assistiu nestas festas juninas a maior discriminação política de que se tem notícia nesse período.
Como está registrado hoje no Jornal do Commércio, em entrevista do prefeito Joaquim Neto, o município de Gravatá que faz, sem sombra de dúvida, uma das mais expressivas festas de São João do estado, só perdendo para Caruaru, foi claramente discriminado pela Fundarpe na repartição dos recursos do Governo.
Administrado por um prefeito de oposição, filiado ao PSDB, o município foi retaliado de forma vergonhosa.
Gravatá não faz São João apenas para seus habitantes.
Nesta época chegam a passar pelo município quase 1 milhão de pessoas de todo o estado, de outros estados brasileiros e do exterior.
Quem lá esteve viu isso de perto.
Hotéis lotados, restaurantes e bares, muito emprego gerado e apenas dois patrocinadores: a Prefeitura, que não pode sozinha arcar com a expressiva infra-estrutura necessária para que tudo funcione a contento, e a iniciativa privada.
Procurado, o Governo do Estado, através da Fundarpe, se limitou a oferecer ao município R$ 50 mil.
Com galhardia, o prefeito recusou a esmola, como forma de protesto e de altivez política.
Será esta a maneira socialista de governar?
Alguns poderão dizer que em Caruaru, governada pelo prefeito Tony Gel, de oposição, o Governo destinou R$ 500 mil.
Ora, seria um escândalo se assim não o fizesse, até porque o vice-governador é de Caruaru e expressivos políticos da cidade apóiam o Governo.
E, diga-se de passagem, que o governador chegou a realizar um ato público para liberar os recursos para Caruaru, quando eles foram iguais aos liberados no ano passado e em anos anteriores, como merece Caruaru e merece Gravatá que, também no ano passado foi o segundo município mais beneficiado com recursos do estado para o São João, recebendo R$ 120 mil.
Mas, caros colegas, a discriminação a Gravatá não se pode medir apenas comparando o que foi oferecido ao município, em relação a Caruaru, mas também a outros municípios que não são conhecidos por abrigar festas da dimensão da gravataense.
Informações que recebemos de funcionários da Fundarpe, confirmadas junto a secretários municipais de turismo, dão conta de que os municípios do Cabo, Paulista, Catende e Itapissuma, administrados por prefeitos que apóiam o Governo, receberam cada um R$ 150 mil, Salgueiro – R$100 mil, Nazaré da Mata recebeu R$ 80 mil, Vitória – R$ 80 mil, Custódia – R$ 60 mil.
Essa postura da Fundarpe, que, felizmente, não se repetiu em órgãos como a Secretaria da Defesa Social e a EMTU, ambos presentes no São João de Gravatá e que tiveram suas contribuições registradas e elogiadas pela Prefeitura durante a festa, não é de hoje.
No Carnaval deste ano tivemos oportunidade de denunciar que prefeitos de oposição como os de Moreno e Gravatá não receberam qualquer atenção oficial para suas festas, quando blocos de políticos situacionistas foram patrocinados com recursos do estado.
Na Semana Santa, em Gravatá, a Fundarpe destinou R$ 20 mil para uma festa particular realizada na Vila da Serra, uma casa de shows, que cobrou caro a entrada para quem desejasse ver atrações como a cantora baiana Ivete Sangalo.
Mas o pior foram as explicações dadas pela presidente da Fundarpe ao Jornal do Commércio de hoje, respondendo a indagações dos jornalistas.
Ela não só confirmou o que o prefeito Joaquim Neto denunciou, o que demonstra que o prefeito falou com certeza do que estava dizendo, como disse que a distribuição dos recursos obedeceu “a um estudo das festas em cada local, feito pela minha equipe”.
E agora é o caso de perguntar: que estudou foi esse?
Quais os critérios utilizados?
Quem, de sã consciência, vai acreditar em um estudo que aponta, de acordo com os recursos liberados, que municípios como Cabo, Paulista e Catende, sobretudo Catende, fazem um São João três vezes mais expressivo que o de Gravatá?
Algo está errado nisso tudo.
Inclusive a falta de razões convincentes por parte da Fundarpe.
Imagino a aflição vivida pela presidente Luciana Azevedo para tentar explicar o inexplicável.
Exatamente ela que esteve recentemente na Assembléia anunciando um projeto para área de cultura que, segundo informou, revolucionaria o tratamento dado ao setor.
E eu pergunto: que revolução é essa?
Será a da escamoteação e do compadrio?
Sr presidente, estamos encaminhando à mesa pedido de informações à presidente da Fundarpe para tentar por, em pratos limpos, toda essa questão.
Desejamos ter uma cópia do estudo técnico realizado pela Fundarpe que redundou na distribuição das verbas do São João entre os municípios.
Também estamos solicitando que a Fundarpe informe quais os 89 municípios que receberam verbas para as festas juninas e quanto foi destinado a cada um..